No primeiro trimestre, a Nivea do Brasil teve alta de 17,4% nas vendas para o atacado, em relação ao mesmo período de 2008. No ano passado, já havia acumulado crescimento de 22%. Ontem, quando a multinacional alemã Beiersdorf divulgou seu desempenho no primeiro semestre, o Brasil foi novamente destaque. Em meio a resultados humildes, principalmente na América do Norte, o mercado nacional gerou vendas 13,2% maiores entre janeiro e junho.
A demanda tem crescido tanto e frequentemente que a empresa está até importando desodorantes da Argentina para suprir o mercado local.
"A Beiersdorf deve anunciar investimentos novos no Brasil ao final de 2010", disse, ao Valor, Nicolas Fisher, presidente da Nivea do Brasil, sem dar detalhes, sobre a possibilidade de novas fábricas por aqui. A empresa investiu, em 2006, R$ 10 milhões para ampliar a capacidade da fábrica que tem em Itatiba (SP).
A meta era ter estrutura para crescer 15% ao ano até 2010. Mas a capacidade, ao que tudo indica, já está próxima de se esgotar.
"Hoje, importamos 40% do que vendemos no país", afirma Fisher. O produto mais trazido do mercado argentino são os desodorantes em embalagem aerosol, que tiveram no semestre, de acordo com o executivo, alta nas vendas de 15%.
"Quase 100% dos brasileiros usa desodorante e, em média, duas vezes por dia. O que conseguimos nesse semestre foi fazer o pessoal que usa o spray, que é a versão mais barata, passar para o aerosol, mais sofisticado e de maior valor", explica o presidente da Nivea.
No varejo, segundo Fisher, o crescimento da Nivea foi ainda maior. "Nossas vendas para o consumidor cresceram 22,1% no semestre em relação aos seis primeiros meses do ano passado", disse o presidente.
Nos mesmos seis meses, as categorias em que a Nivea atua no Brasil tiveram alta de faturamento de 15,6%, segundo dados da Nielsen.
"A crise não atingiu o consumo nacional, embora o atacado tenha tido problemas com capital de giro no início do ano." Daqui até dezembro, a expectativa da empresa é fechar o ano com um aumento total nas vendas entre 15% e 20%.
"O segundo semestre é sempre melhor porque concentramos na segunda metade do ano a maior parte de nossos lançamentos, devido ao início do verão", explica Fisher.
A Nivea, segundo ele é líder de mercado em loções corporais e em produtos para a pele do rosto. Em protetores solares, desodorantes e em outras categorias em que atua a empresa está como segunda colocada na preferência do consumidor.
Mundialmente, entretanto, a Beiersdorf, não teve um desempenho tão bom e acabou anunciando ontem resultados mais acanhados.
As vendas globais cresceram 0,3% em relação ao primeiro de 2008, passando de €2,94 bilhões para €3,09 bilhões.
O lucro líquido, entretanto, despencou de €290 milhões no mesmo período de 2008 para €186 milhões agora.
Vendas em queda no mercado norte americano (diminuição de 3,3%) e no europeu (-1,7%) foram responsáveis pelo desempenho ruim.
O contraste entre resultados internacionais ruins e altas cifras de crescimento no Brasil têm sido uma constante no setor de cosméticos.
No final da semana passada, por exemplo, a francesa L'Oréal divulgou que fechou os primeiros meses do ano com alta de 1,4% nas vendas globais. Europa e Estados Unidos, entretanto, viram a demanda do consumidor encolher 6%.
Na América Latina, região que engloba o Brasil, as vendas cresceram 12,7%. No relatório da companhia francesa, mesmo sem especificar cifras, sua direção classificou como "espetacular" a performance de vendas dos produtos da linha de cabelos e de desodorantes, além das boas vendas de dermocosméticos das marcas Galderma e La Roche-Posey.
A americana Avon registrou aqui aumento de 23% nas vendas. Mundialmente, a Avon viu seu faturamento cair 10%. Ontem, segundo agências internacionais, analistas de mercado previam que até a americana Herbalife deve divulgar resultados mais amargos relativos ao último trimestre. As vendas da empresa de cosméticos e alimentos para dieta não teriam resistido ao corte de gastos dos consumidores nos EUA.
A onda de bons resultados também beneficiou a fabricante nacional Natura, que lucrou 19% mais no segundo trimestre do ano em relação a abril, maio e junho do ano passado. A operação brasileira respondeu por 93% das vendas de abril a junho. O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (lajida, um indicador de desempenho operacional) também cresceu, chegando a R$ 248,1 milhões no período.
Veículo: Valor Econômico