De olho no futuro, Acer diversifica atuação

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A fabricante de computadores pessoais Acer, terceira maior do mundo, entrará nos segmentos de televisores e leitores digitais dentro de cinco anos, à medida que a indústria de computação desacelera-se, segundo o fundador da companhia, Stan Shih.

 

"Os PCs, na verdade, são uma indústria madura", afirmou Shih, de 64 anos. "Ainda há espaço, claro, com o PC estendendo-se à TV."

 

A companhia de Taiwan se confrontará contra a Samsung Electronics e a Amazon.com, fabricante do Kindle, que lideram os segmentos de TVs e leitores digitais, respectivamente. A Acer, que entre as grandes fabricantes mundiais de PCs do mundo é a de maior crescimento, planeja expandir-se além dos computadores como resposta à desaceleração do setor. A previsão de vendas de PCs para 2009 aponta para a primeira queda anual desde 2001.

 

"Eu teria um ponto de interrogação" sobre a capacidade de êxito, observou Vincent Chen, da corretora Yuanta Securities, em Taipé. "É um modelo de negócios diferente. As TVs são outro jogo."

 

A companhia, com sede em Taipé e fundada por Shih em 1976, registrou aumento de 24% nas remessas de computadores durante o segundo trimestre, maior percentual entre as cinco líderes em vendas do setor, de acordo com a empresa de pesquisas IDC divulgou em 15 de julho.

 

A expansão da companhia foi beneficiada pelas boas vendas de computadores portáteis, na esteira da crise mundial. A Acer está atrás da Hewlett-Packard (HP) e da Dell, em remessas de computadores. As ações da Acer fecharam em baixa de 0,3%, cotadas a 66,80 novos dólares de Taiwan, na sessão de ontem, em Taipé. No ano, entretanto, acumulam valorização de 58%.

 

Em fevereiro, a companhia lançou seus primeiros telefones com conexão à internet. A expectativa da Acer é de, até 2011, obter 10% de suas vendas com esses aparelhos, à medida que ampliar sua receita fora do segmento de PCs.

 

"Eles definitivamente precisam preparar-se para os próximos cinco anos, enquanto os negócios com PCs desaceleram-se", afirmou o analista Calvin Huang na corretora Daiwa Securities Group, em Taipé.

 

A Acer aguarda que o mercado se desenvolva mais antes de lançar seu leitor digital e, atualmente, testa a venda de modelos de televisores, segundo Shih. As vendas mundiais de TVs de cristal líquido deverão subir de 105 milhões de unidades, em 2008, para 203 milhões, até 2013, de acordo com previsões da empresa de pesquisas DisplaySearch, divulgadas em 17 de junho.

 

"Em áudio e vídeo, a tecnologia de Taiwan ainda não é boa o suficiente, em comparação aos PCs", disse Shih. "Taiwan pode potencializar sua tecnologia principal no [setor] digital e superar essa barreira."

 

As cinco maiores fabricantes de aparelhos de TV, encabeçadas por Samsung, LG Electronics e Sony , foram responsáveis por 61% das vendas do segmento no primeiro trimestre, de acordo com a DisplaySearch.

 

A companhia terceirizará a produção de televisores e leitores digitais, de forma similar ao que faz quando contrata fabricantes externos para computadores, de acordo com Shih. As vendas de PCs deverão cair 4% neste ano, primeiro declínio desde a contração de 5,1% em 2001, de acordo com estimativas da empresa de consultoria iSuppli, divulgadas em 14 de julho.

 

Embora a Amazon.com, maior varejista mundial na internet, não revele os números das vendas do Kindle, fabricantes rivais de leitores de livros eletrônicos não conseguiram alcançar sua popularidade, de acordo com o analista Youssef Squali, da Jefferies & Co., de Nova York. Entre as empresas que tentam concorrer contra o Kindle, disponível em uma versão de US$ 299 e em outra, maior, de US$ 489, idealizada para jornais e livros educacionais, estão a Samsung, Plastic Logic e FirstPaper.

 

Os "e-books" serão uma "grande oportunidade para as empresas de PCs", afirmou Shih. Amazon.com e Sony são as maiores fornecedoras de leitores digitais, nos quais podem ser exibidos livros, jornais e outros materiais para leitura. Shih diz que o mercado ainda tem espaço para desenvolver-se. "Devemos participar antes que o setor se consolide", afirmou Shih. "Se estiver assentado, não haverá espaço para nós. Portanto, temos de encontrar o momento certo, nem cedo demais, nem tarde demais."

 

Shih, que renunciou como presidente do conselho de administração da empresa em 2004, mas continua como membro da diretoria, atualmente comanda a companhia de capital de risco iDSoftCapital Group e trabalha como consultor setorial e de desenvolvimento de marcas. (Tradução de Sabino Ahumada)

 

Veículo: Valor Econômico


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