Aumento considera resultado ajustado em 2008; no 1º semestre, ganhos sobem 50%
Sem levar em conta gastos com a restruturação da empresa no ano passado e a amortização de ágio, alta chega a 167% no semestre
O Grupo Pão de Açúcar, que se tornou o maior varejista do país após a compra do Ponto Frio em junho, anunciou ontem um crescimento de 71,8% no lucro líquido no segundo trimestre (R$ 131,7 milhões), que neste ano incluiu as vendas da Páscoa, comemorada em março em 2008. No primeiro semestre, a alta foi de 49,9%, totalizando R$ 226,6 milhões.
"A crise não nos afetou. A companhia estava muito bem preparada", comentou o vice-presidente do grupo, Enéas Pestana. Em ambos os casos, o comparativo é feito com os resultados ajustados nos mesmos intervalos do ano passado, já que o lucro nos três primeiros meses de 2008 foi impactado pelos gastos extraordinários com a reestruturação da empresa e, em todo o período, houve o efeito de uma amortização de ágio conforme determina a nova lei contábil.
Sem considerar isso, as altas são de 154,9% e 166,9%, respectivamente. Os números não incluem as vendas do Ponto Frio. O bom desempenho foi creditado por Pestana a "uma política muito agressiva de preços" e ao "crescimento do fluxo de clientes". O executivo afirmou que há um acompanhamento por bandeira e por região, mas não quis detalhar os dados. O vice-presidente do grupo reiterou ainda a manutenção do "forte rigor no controle das despesas". As operacionais caíram de 19,4% para 18,5% das vendas líquidas no confronto dos seis primeiros meses de cada ano.
As vendas de não-alimentos, que tiveram o impacto da redução de IPI para a linha branca, registraram alta de 12%, no primeiro semestre, considerando as mesmas lojas (unidades em funcionamento há pelo menos um ano), contra 7,9% dos produtos alimentícios.
Apesar de o Assai apresentar o maior crescimento nas vendas brutas (49,4%) no semestre, influenciado por conversão e abertura de lojas, a bandeira Pão de Açúcar, que registrou alta de 6,7%, foi a que teve a melhor performance, segundo o vice-presidente da empresa.
Os investimentos previstos para o ano foram mantidos, apesar das despesas com a compra do Ponto Frio e com os 40% restantes do Assai, completando a participação adquirida em 2007. No primeiro semestre, foram R$ 193,2 milhões, restando mais de R$ 550 milhões para o segundo.
Devido aos seguidos resultados "consistentes", nas palavras de Pestana, a companhia alterou a política de dividendos, que passa de um pagamento anual para quatro trimestrais. No dia 24, serão pagos R$ 30,9 milhões. "Tenho certeza de que o mercado vai ficar muito interessado nessa nova política de dividendos", disse.
Veículo: Folha de S.Paulo