Companhia vai desembolsar R$ 100 milhões em unidade para produção de chocolates e sucos em Pernambuco
A multinacional de alimentos Kraft Foods anunciou ontem a construção de uma nova fábrica no Brasil, em um investimento de R$ 100 milhões, um dos maiores já realizados pela empresa no País. A unidade de Vitória de Santo Antão (PE) vai produzir chocolates e sucos em pó para atender os consumidores do Norte e, principalmente, Nordeste, onde as vendas da companhia crescem acima da média de outras regiões. "Queremos consolidar esse mercado, que vem mostrando crescimento bem maior que no restante do País", afirma o diretor de assuntos corporativos da Kraft, Fabio Acerbi.
Ainda não foi definida a capacidade de produção da fábrica, que deve começar a operar em 2011. Com uma área de até 300 mil m², porém, a nova unidade será a segunda maior da Kraft no Brasil - a de Curitiba, onde também fica a sede, é a maior.
O investimento é resultado de um trabalho iniciado em 2005, quando a Kraft instalou um escritório em Recife para reforçar a atuação no Nordeste. Nos últimos anos, a empresa também lançou produtos específicos para os consumidores nordestinos, como sucos em pó com sabores de frutas típicas da região, como cajá, graviola e acerola. Com a nova fábrica, a intenção é ampliar a "personalização" de produtos, diz Acerbi. "Agora teremos uma estrutura completa", afirma. A companhia tem um centro de distribuição no mesmo Estado, no município de Ipojuca.
Segundo o executivo, a crise não modificou os planos da empresa para a região nem atrasou o anúncio do investimento. "A aprovação do projeto ocorreu quando a crise já estava deflagrada. Isso mostra que a região continua estratégica para a companhia", afirma. Nos últimos anos, o crescimento da renda da população no Nordeste atraiu a atenção das principais fabricantes de alimentos mundiais. A Nestlé conclui a construção de uma nova fábrica em Feira de Santana, na Bahia, em 2007. No fim do ano passado, a Unilever anunciou a ampliação de sua unidade em Igarassu, também em Pernambuco.
Na opinião de Eugênio Foganholo, diretor da Mixxer Desenvolvimento Empresarial, a crise não deve mudar essa tendência. "O Nordeste cresceu e tende a crescer acima da média nos próximos anos, até porque sua população tem um patamar de consumo baixo", diz. Uma das vantagens de manter fábricas próximas ao consumidor, além dos ganhos em logística, é o desenvolvimento e produção de produtos "adaptados" com maior agilidade, diz Foganholo.
Segundo ele, porém, o investimento em uma nova fábrica deve vir acompanhado de uma mudança na estratégia de vendas. "Diferentemente do resto do País, a venda de alimentos no Nordeste se dá menos em supermercados e mais no varejo tradicional", afirma. Por isso, a Kraft também deve replanejar seus canais de vendas na região, acredita o especialista.
EMPREGOS
Segundo o protocolo de intenções assinado ontem com a prefeitura do município pernambucano, a nova fábrica vai gerar cerca de 600 empregos diretos. Com cinco fábricas em seis Estados, a Kraft emprega cerca de 7 mil funcionários no País. No ano passado, a operação brasileira faturou R$ 4 bilhões. Globalmente, as vendas foram de US$ 40 bilhões. Entre as marcas da companhia no Brasil estão os chocolates Lacta, Sonho de Valsa e Bis, biscoitos Nabisco e refrescos em pó Tang.
Veículo: O Estado de S.Paulo