A Nestlé abandonou ontem sua meta de crescimento orgânico das vendas para este ano, "de pelo menos chegar perto dos 5%", depois de um crescimento de apenas 3,5% no primeiro semestre, período em que os consumidores compraram um número menor de suas águas engarrafadas. A maior companhia de alimentos do mundo também anunciou sua primeira queda nos lucros em seis anos.
No entanto, a Nestlé aumentou sua margem operacional de lucro em 0,3 ponto porcentual, para 14,1%, enquanto a margem de suas principais operações com alimentos e bebidas, excluindo a altamente lucrativa subsidiária Alcon (que opera no mercado de oftalmologia), cresceu 0,10 ponto porcentual para 12,4%.
A receita e o lucro brutos caíram por fatores cambiais e desinvestimentos, após a dedução das aquisições. O lucro líquido caiu de 5,2 bilhões de francos suíços para 5,1 bilhões de francos (US$ 5,488 bilhões), enquanto as vendas recuaram de 53,1 bilhões de francos para 52,3 bilhões de francos suíços (US$ 56,280 bilhões).
Os números parecem melhores em moeda constante, eliminando o impacto do valorizado franco suíço. Nessa base, as vendas consolidadas cresceram 2,8%, enquanto as vendas de bebidas e alimentos aumentaram 2,7%.
Analistas elogiaram o feito da Nestlé sob condições de mercado difíceis, embora as ações da companhia tenham caído 3,95% ontem, para 42,36 francos suíços, a maior queda desde março.
"É claro que poderíamos apontar para a pequena queda na linha da receita, mas isso seria não considerar o quadro mais amplo", disse o analista Martin Dolan da Execution. "O modelo de negócios da Nestlé está mais uma vez mostrando que é o melhor e o mais resistente do setor."
O grupo está confiante com um crescimento mais acelerado das vendas no segundo semestre, na medida em que as iniciativas de marketing e outras adotadas começarem a ter impacto. A Europa continuou sendo a região mais difícil no primeiro semestre, com crescimento virtualmente zero e margens estáticas, enquanto as Américas, África e Ásia estiveram bem mais fortes.
Em termos de produtos, a água mineral, que inclui marcas como San Pellegrino, Perrier e Vittel, continuou com problemas por causa do aperto nos orçamentos domésticos dos consumidores e da reação ambiental contra suas águas engarrafadas na Europa e nos Estados Unidos. Os resultados na área de nutrição foram instáveis. Embora as vendas tenham melhorado, as margens caíram 1,1 ponto porcentual por causa dos maiores gastos com propaganda.
O grupo disse que o fluxo de caixa operacional melhorou significativamente, enquanto o endividamento líquido caiu para 17,4 bilhões de francos suíços no fim de junho, contra 25,8 bilhões de francos em junho de 2008.
Veículo: Valor Econômico