Com desenho especial, Contene mira famílias da classe C

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No universo de 10 mil empresas transformadoras de plásticos no país, muitas lutam para sobreviver em meio à alta concorrência, avalanche de mercadorias importadas, falta de capital de giro e crescente informalidade. A Contene, criada há dois anos, parece ter achado uma fórmula interessante: fabricar utilidades domésticas com desenho especial para o consumidor da classe C.

 

Empresa de porte médio com sede em Guarulhos (SP), a Contene nasceu a partir de um investimento de R$ 14 milhões. E, recentemente, fechou acordo para venda de um balde plástico modelado exclusivamente para a rede de supermercados Walmart no Brasil.

 

Desenvolvido pela Contene em conjunto com o escritório de design Domus, o balde é menor do que o convencionalmente encontrado nos supermercados em geral. Com 14 litros, traz tampa, o que permite o empilhamento em pequenas áreas de serviços das famílias de baixa renda. A alça, além de possuir um sistema de mola ergométrico, tem um ponto de pega mais elevado, de forma a facilitar seu manuseio.

 

"Além de aspirações, como crescimento do status social, a classe C é orientada na sua decisão de compra pela racionalidade. O que procuramos fazer é oferecer essas facilidades", explica Daniel de Azevedo Barros, sócio e diretor da Contene. "O esforço, contudo, é que o balde não fuja do preços dos demais", disse. Embora não tenha sido definido, o preço deve ficar, segundo Barros, "ligeiramente" acima dos concorrentes.

 

A dificuldade, afirma ele, é encontrar a equação para que o custo do produto não inviabilize o acesso das famílias de baixa renda. "No caso dos potes usados na cozinha, tiramos as abas. É uma forma de reduzir o peso, o que significa menor consumo de resina", exemplifica. Azevedo Barros afirma que antes da decisão de iniciar a produção todos os projetos passam por um rigoroso teste de avaliação de custo.

 

A Contene começou a operar há dois anos com Azevedo Barros, que largou a carreira num grande escritório de advocacia, e seu ex-sogro Joaquim de Oliveira (dono da fabricante de brinquedos plásticos Magic Toys, há 37 anos no mercado). A empresa já tem registrados 20 pedidos de patentes de produtos desenvolvidos de acordo com pesquisas dedicadas aos hábitos das famílias de classe C.

 

A empresa produz uma linha de 60 produtos, com mais de 300 itens de utilidades domésticas, que inclui bacias, potes, banquetas, entre outros.

 

Atende 3 mil clientes - alguns deles são pequenos comerciantes que fazem encomendas à Contene e vendem de cidade em cidade no interior do Nordeste por caminhão.

 

Na fábrica da Contene, um galpão industrial onde trabalham cerca de 100 pessoas, funcionam 14 máquinas injetoras de plásticos, todas movidas por robôs. "É uma forma de garantir maior estabilidade na produção", disse. A empresa acabou de aplicar mais R$ 2 milhões na compra de novas máquinas, mais rápidas e eficientes, que acabaram de chegar.

 

Depois do desenvolvimento do produto, o desafio é fazer os moldes para injeção. "Todos os nossos modelos são feitos especificamente para nós", afirmou, lembrando que a empresa, dona de 75 moldes, já encomendou peças do Canadá, China, Taiwan, Coreia do Sul, Portugal, além do próprio Brasil. "Alguns moldes chegam a custar R$ 1 milhão."
 


Veículo: Valor Econômico


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