Preço da celulose sobe e reforça tendência de elevação

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O aumento de cerca de US$ 40 por tonelada nos preços de celulose de fibra curta anunciado na sexta-feira pela Suzano Papel e Celulose faz parte de uma tendência de mercado que deve se estender com menor intensidade até o final do ano e meados do ano que vem. A alta é consequência da retomada da demanda mundial.

 

A VCP havia adiantado o aumento em agosto, e agora há a possibilidade de outra elevação, em setembro, que deve se situar também na casa dos US$ 40. Esse movimento é visto com cautela por consumidores.

 

O diretor-geral da Asia Pulp and Paper (APP) no Brasil, Geraldo Ferreira, alerta para o perigo de que esses aumentos possam criar uma bolha no mercado, além de estimular a retomada da atividade de plantas que pararam desde o início da crise.

 

Esses aumentos de preço já vêm ocorrendo desde o mês de abril e refletem o aumento da demanda por celulose, principalmente pelo mercado chinês, que ajudou a regular os estoques mundiais neste semestre e continua a comprar o produto. Segundo dados da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) sobre o primeiro semestre deste ano, as importações de celulose de fibra curta branqueada aumentaram 119% em comparação às do mesmo período de 2008.

 

Para o analista da Tendências Consultoria Bruno Rezende, os reajustes deverão continuar a ocorrer em decorrência da melhora do cenário externo com a manutenção da demanda chinesa em razão da entrada em operação de novas máquinas de papel na China, entre elas a de 1 milhão de toneladas de papel couché da APP, entre outras. E a manutenção dessa curva ascendente levará à retomada da operação das plantas cuja produção havia sido interrompida no auge da crise por não apresentarem custos competitivos.

 

"A sequência de reajustes surpreendeu", disse Rezende. "Acredito que o aumento dos preços deve se estabilizar a taxas bem leves até o final do ano. Em dezembro, a celulose de fibra curta deve chegar a US$ 570 para a Europa, e, se a China seguir o padrão de distância de preços da lista europeia, chegará a U$ 540 ou US$ 550", afirmou ele, que fez uma ressalva: "Se houver mais duas semanas de alta forte é possível revisar essa projeção".

 

Alta futura

 

Esse parece ser mesmo o caminho dos preços cobrados pela commodity em todas as regiões. Outras duas instituições divulgaram perspectivas de alta. O UBS Pactual aumentou em 10,8% a projeção do preço médio da celulose de fibra curta para a América do Norte em 2009, para US$ 589 por tonelada, e o Goldman Sachs elevou de US$ 608 para US$ 645 por tonelada o preço médio da celulose de eucalipto em 2010. O presidente da VCP, José Luciano Penido, disse que os preços antes do aumento anunciado já viabilizavam a operação das fábricas paradas. Os preços estavam em US$ 530 por tonelada na Europa, US$ 590 no mercado norte-americano e US$ 520 na Ásia, exceto na China, onde o preço estava em US$ 480.

 

Do lado dos consumidores de celulose, Ferreira, da APP, disse que esses aumentos poderão causar reajuste no preço do papel, que atualmente tem a oferta direcionada ao mercado interno chinês, que dessa forma não se sustentará. "Os mercados americano e o europeu ainda não voltaram e eles são os maiores consumidores", comentou. "Receio que esse aumento cause uma bolhinha que poderá explodir a partir de outubro, período de baixo consumo aliado a empresas que estão estocadas de papel, principalmente na Ásia", indicou ele.

 

Na sexta-feira a VCP suspendeu a votação da incorporação da Aracruz, que aconteceria hoje em assembleias gerais de acionistas das duas empresas. Sem detalhar a decisão ou os motivos que levaram a esta, as empresas disseram que as assembleias serão instauradas hoje, mas serão suspensas antes da votação de temas relacionados com a incorporação.

 

Veículo: DCI


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