Todd Stitzer, presidente da Cadbury, será pressionado hoje por investidores para que apresente um plano de crescimento de longo prazo para a fabricante de doces, depois que ela rejeitou uma proposta de aquisição não solicitada de 10,2 bilhões de libras da Kraft.
Stitzer falará hoje para cerca de 30 a 40 investidores na Conferência sobre Decisões Estratégicas promovida pela Sanford Bernstein em Londres. Andrew Bonfield, diretor financeiro da Cadbury, estará presente no seminário, que foi marcado antes da Kraft abordar a Cadbury no fim de agosto.
Analistas disseram que Stitzer precisa provar aos investidores que a Cadbury pode continuar ampliando suas principais marcas de chocolates sem depender de aquisições e das vendas de gomas de mascar. Simon Marshall-Lockyer, analista da Jefferies International, disse: "Ele terá de usar todos os meios possíveis para mostrar que o foco e o momento não estão associados apenas a um único programa [o de reestruturação, chamado Vision into Action], mas que há um plano além desse". Esse programa pretende aumentar as margens na área de confeitos de 11,8% em 2008, para 15% em 2011.
Mas analistas querem mais informações sobre os planos de ampliação das linhas de produtos, inovações, dados sobre pesquisas e desenvolvimento e gastos com marketing. Eles não acreditam que a Cadbury discutirá hoje possíveis aquisições.
A Kraft já sinalizou que não tem pressa em colocar a Cadbury na mesa de negociações, preferindo esperar que a companhia esgote suas alternativas de defesa. A Kraft está trabalhando com o Deutsche Bank e o Citigroup na coordenação de financiamento para sua proposta, e acredita que poderá levantar facilmente os recursos.
Especulações sobre possíveis propostas rivais continuam centradas na Hershey, que trabalha com JP Morgan e Perella Weinberg para avaliar se entra ou não na disputa. Se a Kraft conseguir comprar a Cadbury, a Hershey, que já perdeu várias oportunidades nos últimos anos, será rebaixada para a quarta posição no ranking mundial do setor.
Por causa do porte relativamente pequeno, a Hershey provavelmente precisaria se juntar à Nestlé ou a um grupo de private equity, para comprar a Cadbury.
Stitzer persegue há muito tempo a lógica por trás da combinação entre Hershey e Cadbury. A Hershey é dona dos direitos sobre a marca Cadbury nos EUA e sua forte presença no mercado americano é complementar à exposição da Cadbury nos países emergentes.
Veículo: Valor Econômico