Europa questiona País na OMC por trigo dos EUA e Canadá

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O Paraná, maior estado produtor de trigo no Brasil, já acumula perdas de 800 mil toneladas de trigo na safra 2009/2010. Os prejuízos na lavoura somados ao aumento da concorrência com o cereal trazido do Hemisfério Norte devem abalar a renda do produtor e inibir novas intenções de plantio. Além da manutenção da taxa de importação para países fora do Mercosul ter sido mantida em 10% (o governo estudava ampliar o imposto para 35%), Estados Unidos e Canadá estariam negociando uma cota de exportação do cereal com a isenção da cobrança. A ação já gerou protestos da União Europeia, que durante a reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), na última quinta-feira, teria cobrado do Brasil explicações sobre essas tratativas.

 

O novo levantamento feito pelo Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura do Estado do Paraná (Deral/Seab) aponta para uma safra de 2,7 milhões de toneladas, 21% inferior as 3,5 milhões de toneladas inicialmente esperadas. A redução ocorreu devido ao excesso de umidade nos meses de julho e agosto, que comprometeu a produtividade das lavouras e também a qualidade do cereal para fins industriais.

 

Até a última semana os triticultores do Paraná haviam colhido 32% das lavouras, no entanto, o tempo voltou a fechar, preocupando ainda mais os agricultores. "No ano passado, nesta época do ano, o Paraná já havia colhido 56% das lavouras de trigo", diz o engenheiro agrônomo Otmar Hubner, do Deral.

 

No Rio Grande do Sul o excesso de chuva também está prejudicando a safra de trigo e, em algumas regiões, a umidade favorece o aparecimento de doenças. Segundo informações da Empresa de Assistência de Técnica e Extensão Rural da Paraíba (Emater-RS), deve haver redução de 15% na safra de trigo deste ano, resultado da geada do primeiro semestre e as chuvas do último mês.

 

A baixa qualidade do trigo que vem sendo colhido é uma reclamação quase generalizada dos produtores. Em São Paulo, as perdas já são tão expressivas que a preocupação inicial que os triticultores tinham em desocupar os armazéns foi substituída pela necessidade de apoio em comercializar o trigo de baixa qualidade.

 

"O que mais nos preocupa é a comercialização da safra nova pelo problema de qualidade. A colheita chuvosa reduziu o falling number - medida indireta da concentração da enzima alfa- amilase, exige pelas panificadoras - e a qualidade do trigo que está sendo colhido está muito baixa", afirmou Sandro José Amadeu, gerente comercial da Coopermota, cooperativa paulista sediada no Município de Cândido Mota. As condições climáticas atípicas também favoreceram a propagação do fungo pyricularia grisea, causador da brusone, doença que mais causa danos às lavouras de trigo no Cerrado.

 

No início do mês a Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp) encaminhou ofício à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) solicitando providências para regularizar o armazenamento de trigo no Estado. A estatal ainda não retirou o trigo que foi negociado entre ela e os produtores na safra passada. Segundo estimativas da Ocesp, é necessário remover cerca de 70 mil toneladas de trigo do estoque público, armazenadas em seis cooperativas paulistas, para que haja espaço para a nova safra.

 

"A situação é bastante crítica porque temos espaço para estocagem de 12 mil toneladas, mas temos uma safra de 25 mil toneladas chegando nos próximos dias. É necessário criar alternativas para escoar esse montante enorme de trigo. Uma opção seria vender para o Nordeste que tem demanda pelo cereal", comenta Almerindo José Vidilli Júnior, gerente Comercial da Cooperativa Holambra II.

 

Produção mundial

 

O produtor brasileiro não deve esperar uma melhora dos preços internacionais. De acordo com levantamento do Comitê Internacional de Grãos (IGC, sigla em inglês) a estimativa para a produção mundial de trigo na safra 2009/2010 aumentou em 0,6%, ou 4 milhões de toneladas, para 666 milhões de toneladas. Duas safras fartas consecutivas de trigo pressionaram os preços da commodity, levando o IGC a prever uma queda nas plantações dos Estados Unidos, em particular em 2010.

 

Veículo: DCI


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