Concluído o processo de reestruturação societária que nacionalizou o controle da Plásticos Pisani, de Caxias do Sul (RS), a empresa prepara agora um plano de expansão para os próximos dois anos. O programa, estimado em R$ 20 milhões no período, inclui o aumento de 30% na capacidade instalada com a construção de duas novas fábricas e a especialização da unidade de Pindamonhangaba (SP) na produção de autopeças, disse o diretor-presidente Paulo Webber.
A reestruturação, finalizada em agosto, incluiu a Pisani S.A., holding da família Webber, e a gestora gaúcha de fundos de investimentos CRP Companhia de Participações, que adquiriram por um valor não revelado os 75% do capital da empresa que pertencia ao grupo inglês Linpac. Fundadores da Plásticos Pisani, os Webber detinham os 25% restantes e agora passaram a controladores majoritários. Já a CRP ficou com uma "participação relevante", segundo o diretor da gestora, André Lenz.
A CRP não informou quanto aplicou no negócio, mas o aporte vai financiar parte da expansão nos próximos anos. A Pisani é a quarta empresa a receber investimento do fundo CRP VI Venture, que limita as participações individuais a R$ 9 milhões e tem entre os cotistas o Banco Interamericano de Desenvolvimento, os fundos de pensão Petros (da Petrobras) e Fapes (BNDES), o BNDESPar, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Corporação Andina de Fomento. O prazo para a saída do fundo da operação não foi definido.
Fundada em 1974 como uma joint venture entre a madeireira Germano Pisani, que fabricava caixas de madeira para a indústria de bebidas, e a belga DW Plastics, a Pisani produz caixas plásticas para garrafas e alimentos, contentores industriais, pisos para granjas de suínos e móveis em plásticos institucionais e para jardins. Em 1998 os belgas se retiraram com a entrada da Linpac e em 2002 a empresa ingressou no segmento de autopeças, que hoje representa metade da capacidade de processamento de plásticos em Pindamonhangaba, de 700 toneladas por mês.
A Pisani tem 320 funcionários e pode produzir até 2 mil toneladas mensais de produtos injetados de plástico nas duas unidades, mas vem operando num ritmo médio de 70% da capacidade instalada, disse Webber. As duas novas fábricas somarão mais 600 toneladas/mês e terão o foco direcionado para embalagens destinadas aos setores industrial, de alimentos e bebidas. A localização das unidades não foi informada, mas segundo Lenz elas ficarão "próximas dos consumidores".
Com uma carteira de 4 mil clientes, desde pequenas padarias e agricultores até gigantes como a Brasil Foods, Marfrig, Coca-Cola, AmBev, Volkswagen, GM e Peugeot/Citröen, a Pisani prevê um faturamento bruto de R$ 150 milhões neste ano, basicamente no mercado interno, igual ao do ano passado. O desempenho reflete a desaceleração da economia até o primeiro semestre deste ano, mas em 2010 e 2011, com a reação dos principais setores atendidos pela empresa e o início dos novos investimentos, a previsão é crescer em média 15% ao ano, disse Lenz.
Segundo Webber, cerca de 20% da matéria-prima utilizada pela Pisani é reciclada em duas unidades específicas em Caxias do Sul e uma em Pindamonhangaba. O empresário explicou que o índice de reciclagem de caixas plásticas no país é de 100%.
Veículo: Valor Econômico