O teste do gel

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Ele já era quase um item obrigatório na bolsa das mães de crianças pequenas – que vivem com as mãos sujas, caem e se machucam o tempo todo. Desde abril, com a disseminação da gripe A no Brasil, o gel antisséptico está praticamente em todo lugar: na pia do banheiro, na porta de entrada das escolas, na mesa do escritório, nos toaletes dos shoppings e por aí vai.

 

Com uma concentração de álcool em torno de 70%, o gel é capaz de matar os vírus e bactérias dos ambientes onde circulamos no dia a dia. Isso inclui os causadores de resfriados e gripes, como o temido vírus influenza do tipo A. A exceção são vírus e bactérias de ambiente hospitalar, mais resistentes. A pedido de VEJA, o laboratório Microbiotécnica comparou a capacidade antibacteriana de quatro marcas muito vendidas de gel antisséptico. O resultado: "Um antisséptico só tem o alcance esperado, ao redor de 90%, se as mãos estiverem limpas", diz o biomédico Roberto Figueiredo, que conduziu o teste. De acordo com os resultados, lavar as mãos é, em geral, mais eficiente do que espalhar o gel (aliás, os fabricantes fazem questão de deixar claro que o antisséptico não substitui a lavagem das mãos). Ou seja, ele se torna realmente útil nos locais onde não há água e sabão. O ideal, sem que isso se transforme num ritual obsessivo-compulsivo, é que as duas providências sejam combinadas nas situações de maior exposição à sujeira. Entre as bactérias mais perigosas que podem ser encontradas nas mãos, está o Staphylococcus aureus, que teve uma medição isolada no teste encomendado pela revista. "Quando entra em contato com cortes e outros ferimentos, o Staphylococcus aureus é causa comum de infecções purulentas", diz a microbiologista Rita de Cássia Salomão, diretora técnica do Microbiotécnica.

 

O gel antisséptico e a pele

 

Sim, ele resseca a pele. O uso frequente do antisséptico pode provocar, ainda, vermelhidão. "Nos últimos meses, por causa da utilização intensiva desse gel, aumentou o número de pacientes com irritação nas mãos", diz o dermatologista Paulo Ricardo Criado, do Hospital das Clínicas de São Paulo

 

O motivo: o álcool destrói a capa protetora de gordura e causa fissuras microscópicas na camada mais superficial da epiderme – aquela que, justamente, retém a água da pele.
Com a perda de água, ocorre, obviamente, ressecamento e, em casos mais graves, inflamação

 

Quanto e como usar: o gel, assim como a limpeza com água e sabão, tem efeito temporário. "Após duas horas, a mão estará novamente colonizada por bactérias", explica a infectologista Thaís Guimarães. Mas não é recomendável repetir a aplicação de duas em duas horas. O ideal é usá-lo no máximo quatro vezes ao dia, espalhando uma quantidade equivalente a uma gota grande

 

Quem deve evitá-lo: quem é predisposto a rinite ou asma. Não é o álcool que causa problemas, mas componentes de sua fórmula, como essências e conservantes. Quando entram em contato com o sistema imunológico, depois de danificada a camada mais superficial da epiderme, eles podem desencadear processos alérgicos

 

O creminho básico

 

Como as crianças de até 6 anos tendem a ter a pele um pouco mais ressecada que a dos adultos, os dermatologistas recomendam que suas mãozinhas sejam imediatamente hidratadas depois da aplicação de gel antisséptico

 


Veículo: Revista Veja


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