Companhia paga R$ 300 milhões pelo negócio e começará a[br]produzir absorventes; planos são de mais aquisições até o fim do ano
O executivo Claudio Bergamo acumula experiência em aquisições. Ontem, ele fechou mais um negócio ao dar o lance de R$ 300 milhões pela Pom Pom, especializada na fabricação de fraldas infantis e geriátricas. No segmento infantil, a marca Pom Pom é a quinta mais vendida no Brasil, atrás de empresas como Procter & Gamble e Kimberly-Clark. Com a marca BigFral, a empresa lidera o segmento de fraldas geriátricas, com cerca de 40% de participação.
As conversas para a compra da Pom Pom começaram no início do ano e o contrato foi assinado ontem. Parte do pagamento foi no ato do fechamento do negócio e o restante será pago em parcelas. Os detalhes são mantidos em sigilo para atender a cláusulas contratuais.
O segmento de descartáveis, que inclui fraldas geriátricas e infantis, além de absorventes, faturou no ano passado no País por volta de R$ 4 bilhões (R$ 3 bilhões só com a linha infantil). "Não poderíamos estar de fora de um mercado que tem um faturamento como este. Crescer um ponto na participação de mercado significa um faturamento a mais de R$ 30 milhões", diz Bergamo.
A Pom Pom ainda não produz absorventes, mas Bergamo adianta que será um dos primeiros passos com a nova aquisição, já que a tecnologia é a mesma das fraldas. Muito provavelmente a marca escolhida para a nova linha de produtos será Lucretin, líder na linha de sabonetes líquidos femininos que já é da Hypermarcas. A Pom Pom tem produção própria e 30% da fábrica está ociosa.
Esse foi o segundo lance da companhia, criada pelo empresário João Alves Queiroz (ex-dono da Arisco), em menos de um mês. No negócio anterior, anunciado em setembro, o Grupo Silvio Santos vendeu para a Hypermarcas a marca Hydrogen, de cosméticos para criança, por R$ 25 milhões.
Os outros produtos com a marca Pom Pom, como sabonetes e colônias infantis, não entraram na negociação porque foram adquiridos no passado pela Colgate-Palmolive. Executivos do mercado de higiene pessoal comentam que a Hypermarcas já tentou uma aproximação com a concorrente para engrossar o portfólio com os outros itens da marca Pom Pom, mas não teve sucesso.
A aquisição cria uma curiosidade, já que a Hypermarcas vai faturar com a vendas de fraldas Pom Pom, mas não verá a cor do dinheiro quando o consumidor levar para casa os sabonetes da mesma marca.
O presidente da Hypermarcas adianta que continua as sondagens para mais aquisições até o fim do ano. Segundo Bergamo, a empresa, que atua nos segmentos de alimentação, higiene pessoal e medicamentos isentos de prescrição, deve reforçar o fôlego com a compra de algum concorrente na área farmacêutica e de higiene pessoal.
CONSUMO INFANTIL
A aquisição da Pom Pom confirma o interesse da companhia pelo segmento infantil. De 2007 para 2008, as vendas de itens de higiene pessoal infantil cresceram 32% no Brasil. No mundo, esse é um segmento que movimentou no ano passado US$ 5,8 bilhões (preço ao consumidor).
O País é dono de 12,7% desse volume, atrás apenas dos Estados Unidos (com 13,9% de participação), e a previsão da associação que representa os fabricantes, a Abihpec, é que em 2009 o Brasil passe a ocupar o primeiro lugar no mercado global. A China, a terceira no ranking do instituto de pesquisa Euromonitor, detém 6,6%, de acordo com as vendas de 2008.
O mercado é dominado pela Johnson&Johnson no País. Com a Hydrogen, Bergamo adquiriu uma participação muito pequena no faturamento do setor, agora turbinada com a Pom Pom. O executivo da Hypermarcas aproveita o caixa abastecido depois da oferta de ações feita em julho, quando levantou R$ 793 milhões.
TRAJETÓRIA
Outubro de 2009: Aquisição da fabricante de fraldas Pom Pom
Setembro de 2009: Aquisição da marca Hydrogen
Setembro de 2008: Aquisição das marcas Risqué e Biocolor, da Niasi
Julho de 2008: Aquisição da Ceil Comércio e Distribuidora, dona das marcas Bozzano, Campos do Jordão, Juvena e Acquamarine
Julho de 2008: Aquisição das marcas Radical e NY Looks
Junho de 2008: Aquisição do laboratório de medicamentos Farmasa
Abril de 2008: A empresa estreia na Bovespa, com captação líquida de R$ 581 milhões
Veículo: O Estado de S.Paulo