A varejista Berlanda, focada em linha branca, móveis e eletroeletrônicos, pretende concretizar em 2010 um dos seus mais agressivos planos de expansão. Com lojas em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, ela abrirá 30 novos pontos de venda, prioritariamente no sul catarinense, em cidades onde ainda não está presente. Os investimentos devem totalizar cerca de R$ 50 milhões.
Nilso Berlanda, presidente da rede, justifica a expansão, um ano depois deflagrada a crise econômica mundial, pela confiança na economia brasileira e melhora das vendas. "Hoje os juros estão mais baixos e sentimos reação das vendas com a redução do IPI [imposto] da linha branca", afirma.
A empresa deve fechar 2009 com um faturamento recorde: R$ 240 milhões, 26% acima dos R$ 190 milhões do ano anterior. No início do ano, a empresa só estimava um crescimento em torno de 5%.
A região sul catarinense, escolhida para a maior parte da expansão, é onde a Berlanda ainda tem presença fraca. Está somente em Imbituba e Laguna. A ideia é levar a rede a cidades como Tubarão e Criciúma, além de municípios menores, como Orleans e Lauro Müller, onde entra ou com uma loja de pequeno porte, de cerca de 300 m2, ou por meio da Berlanda Fácil, um modelo de loja "virtual", com 150 m2, em que poucos produtos estão expostos, há no máximo três funcionários e um catálogo para compras via internet.
Os 30 pontos de venda representam quase o dobro das aberturas totais previstas para 2009, de 18 pontos, cujos investimentos somam R$ 20 milhões. Com os 30 adicionais, a empresa encerrará o ano que vem com 150 lojas, sendo 8 no Rio Grande do Sul e terá um aumento real de faturamento estimado em 25%.
Algumas "oportunidades de mercado" também são tidas pela varejista catarinense como motivadoras da expansão. Nilso relembra que uma das principais concorrentes, a Casas Bahia, fechou algumas lojas em Santa Catarina no último ano. "Esse espaço alguém tem que ocupar e estamos em condições de fazer isso", afirmou.
A empresa busca financiamento do Banco do Brasil para os investimentos de 2010, mas ainda não tem isso acertado. O objetivo é usar o empréstimo principalmente para os ativos imobilizados, mas a empresa não quer repassar sua carteira de clientes a crédito para bancos para se capitalizar, como outras redes no passado fizeram. Hoje Nilso considera tão importante o desempenho na área financeira quanto o resultado das operações de varejo. A maior parte dos recursos para expansão deverá ser de capital próprio.
O maior número de lojas ajudará a Berlanda a ganhar escala, aumentando o poder de negociação com fornecedores. Ao mesmo tempo também proporcionará mais eficiência na sua logística, ao abastecer diversas lojas em uma mesma região.
Nilso diz que, apesar do tamanho que a Berlanda vem alcançando, não é hora de ir para outros estados, como Paraná ou São Paulo. "Há muito ainda a ser feito em Santa Catarina. Queremos ter uma marca estadualizada primeiro", diz. A meta é ter pelo menos uma loja em cada um dos 293 municípios catarinenses até 2015.
Dentre os desafios, está o fato de que a Berlanda, que surgiu no oeste catarinense no início dos anos 90, ainda não está presente na capital Florianópolis. A empresa deve dar os primeiros passos com a abertura no próximo mês de uma loja no bairro Ingleses. Nilso diz que uma posição mais agressiva na capital deverá ocorrer somente em 2011.
A rede segue sendo assediada por concorrentes interessados em comprá-la, mas o empresário, que também tem uma posição política (é diretor da secretaria de desenvolvimento do município de Curitibanos), diz que ela não está à venda. "A nossa posição tem sido a mesma há anos. Não topamos conversar com ninguém. Tenho 47 anos e objetivo pessoal de seguir trabalhando e de mantê-la genuinamente uma rede catarinense."
Veículo: Valor Econômico