O aumento da oferta proporcionado por chuvas em geral regulares para esta época do ano mantém os preços do leite recebidos pelos pecuaristas brasileiros sob pressão, e não há reações significativas no horizonte.
Levantamento da Scot Consultoria mostrou que, em outubro, os produtores do país receberam dos laticínios, em média, R$ 0,65 por litro entregue em setembro, 11% menos que a remuneração média do mês anterior. A maior média do ano, nos cálculos da empresa, foi de R$ 0,86, atingida nos meses de junho e julho.
Na bacia leiteira de Goiás, destaca a Scot, a queda do valor recebido em outubro em relação ao nível de setembro foi de 14,32%, para R$ 0,61. Em São Paulo, a baixa na mesma comparação chegou a 12,75%, para R$ 0,63, enquanto na maior bacia do país, Minas Gerais, houve desvalorização média de 8,84%, para R$ 0,67.
"Normalmente esperamos chuvas mais regulares entre setembro e outubro, mas neste ano houve uma 'antecipação' para agosto", afirma o zootecnista Rafael Ribeiro de Lima Filho, consultor da Scot. Nesse contexto, diz, os laticínios de Minas Gerais e São Paulo já se programam para o velho pagamento "em cotas" em novembro, o que significa dizer que valorizações são difíceis.
Nesse sistema, os laticínios já sabem que terão matéria-prima e estabelecem um limite de compras juntos aos pecuaristas. Acima desse limite, o valor pago é menor.
Mas há pelo menos um grande alento para os pecuaristas: nas contas da Scot, os custos de produção estão quase 8% menores hoje do que há um ano, graças a quedas de matérias-primas como o milho e insumos como fertilizantes. (FL)
Veículo: Valor Econômico