Preços de mamão e melancia, entre outros, caem até 51% no atacado. Para o consumidor, redução atinge 30%.
Frutas, hortaliças e ovos começam a baratear no atacado – do produtor para o comércio – e o varejo já repassa ao consumidor parte da redução negociada com os fornecedores. Mamão, melancia, abóbora, chuchu e ovos de galinha eram ofertados, semana passada, em lojas especializadas do Centro de Belo Horizonte a preços mais favoráveis em relação a setembro. Na Ceasa Minas, entreposto de Contagem, na Grande Belo Horizonte, pelo menos 12 itens do conjunto de hortifrútis vendido no Mercado Livre do Produtor mostraram preços inferiores em outubro, até 51,3% mais baixos nos primeiros 28 dias do mês passado, conforme pesquisa da Seção de Informações de Mercado da central de abastecimento.
Nas prateleiras dos supermercados e sacolões, a queda dos preços ainda é discreta, mas para o mamão chegou a 30,6%, de acordo com o levantamento de preços da Fundação Ipead, que compõe a pesquisa do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), retrato das despesas das famílias com renda entre um e 40 salários mínimos. O novo movimento dos preços reflete a entrada da safra, período de aumento da oferta, para grande parte dos hortigranjeiros, informa Ricardo Martins, chefe do departamento que acompanha as cotações e a distribuição de produtos na Ceasa Minas.
O grupo de 45 itens responsáveis por 92% das frutas, hortaliças e ovos que o entreposto comercializa indica queda média de 2% a 2,5% dos preços na análise preliminar de todo o mês passado. “A safra se estenderá até dezembro e o consumidor terá opções para evitar aqueles produtos com preços mais elevados”, afirma Martins. A dona de casa que aprender a prestar atenção à safra de cada alimento poderá ter um alívio na conta mensal, economia benvinda ao bolso, uma vez que, na comparação com o mesmo mês do ano passado, os hortifrutis encareceram 9% em outubro.
O quilo do mamão-havaí, vendido na Ceasa a R$ 0,78 em outubro, comandou a baixa de preços dos dias 1º a 28, ao baratear 51,3% em relação a setembro. As quedas de preços do mamão-formosa (33,6%), abobrinha-italiana (26,4%), mandioca (8,5%), melancia (4,3%) e laranja-pera (1,7%) também se destacaram. Os cortes dos preços, a rigor, são bem superiores à acomodação que o consumidor começa a observar no varejo, o que explica a cautela da advogada Zélia Paiva, de 58 anos, nos gastos no sacolão a cada 10 dias, controlados à risca pela empregada que a atende há 11 anos, Maria Fernandes de Jesus. São R$ 100 desembolsados a cada quinzena na compra de hortifrutis para a família.
“Se o produto está muito caro eu não compro ou troco por outro com preços mais em conta”, diz Maria Fernandes, que pagou um pouco menos nas últimas duas semanas por abobrinha, chuchu e ovos de galinha. “Ela é econômica”, diz a patrôa. Embora a safra seja, por definição, um período de oferta maior, e, portanto, de preços que tendem a ser mais favoráveis ao consumidor, nem sempre as baixas de preços no atacado chegam rápido no varejo. “Ficando mais atento é que o consumidor evita abuso de preços e preços especulativos”, alerta Wanderley Ramalho, diretor adjunto da Fundação Ipead, vinculado à UFMG.
Dos itens que baratearam na Ceasa Minas, o mamão foi o que apresentou redução mais expressiva no varejo, nos últimos 30 dias terminados na terceira semana de outubro, com base na pesquisa da Fundação Ipead. Especialidade do varejo Frutas Procópio, instalado no Mercado Central de BH, a melancia ficou 30% mais barata em outubro na negociação junto aos fornecedores, conta o proprietário Antônio Procópio Filho.
Veículo: O Estado de Minas