Aempresa de batatas congeladas e purê desidratado McCain ameaça paralisar sua produção na Argentina a partir da próxima semana por causa das barreiras que o Brasil impôs contra uma série de produtos do país vizinho, entre eles alguns perecíveis. Das mais de 100 mil toneladas produzidas anualmente pela empresa, 80% são exportadas para o mercado brasileiro, segundo o diretor de Supply Chain para América do Sul da McCain, Lucas Alvarez Bayón. "Estamos muito preocupados. O Brasil é o nosso principal mercado. É onde estão os nossos grandes clientes", afirmou.
Instalada na Argentina desde 1995, a companhia de capital canadense é afetada diretamente pelas restrições que o governo brasileiro adotou em represália às barreiras que a presidente Cristina Kirchner adota, há mais de um ano, contra 14% das exportações do Brasil para o vizinho. Desde o dia 20 outubro, quando a decisão brasileira de retirar alguns itens do sistema de licenças automáticas de importação foi aplicada, a McCain praticamente não consegue entrar no País.
Nos últimos 15 dias, a empresa despachou o equivalente a somente um dia de exportação para o mercado brasileiro. "Normalmente, exportamos 20 caminhões diários com 23 toneladas para o Brasil, mas com as restrições só conseguimos exportar 16 toneladas", disse.
Bayón também reclama da falta de aviso prévio do Brasil quando baixou a norma. "A tramitação do pedido de licença não tem a velocidade necessária para manter o fluxo normal do comércio e isso vai nos obrigar a tomar uma medida drástica de suspender a produção", afirmou o executivo. "Se tivéssemos sido avisados com antecedência, teríamos iniciado a tramitação dos pedidos e não teríamos que paralisar a produção", lamentou. Segundo o diretor da companhia, as consequências da paralisação da produção atingem cerca de 7 mil empregados diretos e indiretos, além de fornecedores.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ