Ante igual período de 2008, a expansão foi de 5%, com os supermercados respondendo por 90% do índice
A manutenção dos ganhos no poder de compra dos trabalhadores e a redução de tributos sobre as vendas de automóveis garantiram o bom desempenho do comércio varejista em setembro, segundo dados do IBGE divulgados ontem. As vendas do setor aumentaram 0,3% ante agosto e 5% ante igual mês de 2008. O segmento de hiper e supermercados respondeu por 90% do crescimento em relação a setembro de 2008.
As vendas do varejo são calculadas pelo instituto de duas formas: varejo geral e ampliado. No caso do geral - dado oficial do IBGE -, são excluídos os resultados de veículos e material de construção, incorporados no resultado ampliado.
No ampliado, os dados são computados como material de análise, mas não são o dado oficial porque não é possível separar, nos segmentos que o compõem, o atacado do varejo.
A expansão do varejo ampliado foi de 3% em setembro, na comparação com agosto, acima do varejo em geral, porque as vendas de veículos, motos, partes e peças aumentaram 9,1% nessa comparação, além de terem subido 18,9% ante setembro do ano passado.
O técnico da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Reinaldo Pereira, avalia que houve antecipação da compra de automóveis pelos consumidores, já que setembro foi o último mês de vigência integral dos benefícios da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para esses produtos.
Na avaliação de Pereira, o desempenho do varejo prossegue sustentado pelo aumento da massa salarial, a estabilidade no emprego, a inflação controlada e a recuperação do crédito.
Ele observou que todos esses fatores estão beneficiando, sobretudo, o desempenho de hiper e supermercados, segmento que tem o maior peso na pesquisa (cerca de 30%) e já apresenta um crescimento de 7,7% nas vendas no acumulado de janeiro a setembro deste ano.
Luiz Góes, diretor da consultoria Gouvêa de Souza, concorda que o segmento de supermercados vem crescendo acima da média geral nos últimos meses por causa do aumento da massa salarial e da baixa inflação. "A expectativa é que o setor continue crescendo bem acima da média do varejo no período de Natal", diz.
Pereira atribui sobretudo aos reajustes de preços o mau desempenho do segmento de tecidos e vestuário, que teve queda de 6,6% em relação a setembro de 2008, na 11º piora seguida na comparação com igual mês do ano anterior. Neste ano, a queda nas vendas é de 6,2%.
Segundo os últimos resultados do IPCA, o vestuário acumula um aumento de preços de 4,70% de janeiro a outubro, acima da inflação (3,5%). Mas, para Góes, os resultados negativos nesse segmento decorrem da preferência do consumidor pela compra de alimentos e bens duráveis.
Pereira considera difícil o varejo repetir em outubro o desempenho de 2008, de expansão de 9,1% ante setembro, mas avalia que os resultados são robustos e mostraram resistência à crise.
Veículo: O Estado de S.Paulo