As varejistas não esperaram dezembro para deflagrar a "guerra" de Natal. Enquanto algumas redes baixaram os preços, a Riachuelo decidiu oferecer neste mês a opção de parcelar o pagamento em oito vezes sem juros, modalidade que não é comum entre as grandes cadeias de vestuário. Via de regra, as maiores varejistas - C&A, Renner e Marisa - não cobram juros apenas nos planos em até cinco prestações. Para dividir em oito vezes, as lojas impõem encargos financeiros superiores a 5% ao mês.
Em teleconferência com analistas, o presidente do grupo Guararapes, que controla a Riachuelo, Flávio Rocha, afirmou que só vai abrir mão neste mês da cobrança de juros nos parcelamentos em oito vezes. Em dezembro, a rede voltará a cobrar encargos nesses planos. O objetivo da promoção é levar os clientes a antecipar as compras de Natal. Devido ao pico em dezembro, as lojas não têm capacidade física para atender à demanda e perdem vendas potenciais.
Questionado por um analista sobre o motivo que o levou a abdicar da receita com a cobrança de juros, Rocha respondeu que a captura de clientes e a elevação nas vendas "compensam" o esforço.
Apesar de ser agressiva na política de juros, a Riachuelo foi mais conservadora na política de preços no terceiro trimestre, ao contrário de alguns de seus concorrentes. A margem bruta da Riachuelo com a venda de mercadorias foi de 48,5%, 0,4 ponto percentual maior do que a de igual período de 2008.
A Marisa cortou em 2,7 pontos sua margem bruta no terceiro trimestre, para 45,4%. Como consequência, suas vendas caíram 0,3% pelo critério mesmas lojas.
As vendas da Riachuelo em lojas comparáveis, ao contrário, cresceram 5% no terceiro trimestre, o que agradou o mercado. As ações ordinárias da Guararapes subiram ontem 3,2%, enquanto o Ibovespa caiu 3%. As ações da Marisa fecharam ontem em baixa de 2,8%.
O lucro líquido da Guararapes foi de R$ 51,8 milhões no terceiro trimestre, 111,4% maior que o obtido em igual período de 2008.
Veículo: Valor Econômico