Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovam que as vendas do comércio varejista têm subido em relação às do ano passado e já permitem visualizar um cenário ainda mais otimista para o ano que vem, devendo fechar com uma alta de cerca de 5% este ano e crescer 7% em 2010, de acordo com a projeção de especialistas.
Redes de todas as áreas do varejo, como a de material de construção Dicico, a de farmácias Drogão e a de vestuário M.Officer confirmam os números e apontam crescimentos ainda maiores, prometendo ampliar expansão e encomendas para a indústria no ano que vem.
De acordo com o IBGE, apesar de uma alta pequena em setembro frente a agosto, de 0,3%, o comércio em geral já teve crescimento de 4,7% nas vendas de janeiro a setembro de 2009. Entre os segmentos varejistas que têm forte crescimento e devem fechar com alta, estão o de supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo; o de equipamentos e material para escritório e informática; e o de veículos e motos. Já os segmentos que devem fechar em queda são o de tecidos, vestuário e calçados e o de material de construção, mas mesmo estes já devem ter um movimento de recuperação no Natal e em 2010.
A rede Dicico, que além de contrariar os índices do seu segmento ao crescer 23% em setembro sobre o mesmo mês do ano passado, deve fechar 2009 com uma alta de cerca de 28% ante 2008 e afirma ter planos arrojados para crescer ainda mais em 2010. "Tínhamos previsto um crescimento até maior porque esperávamos abrir ainda mais lojas, devemos fechar com 3 novas unidades, mas se crescermos 25% já é excelente, e devemos ter um bom movimento nas lojas até a primeira quinzena de dezembro", diz Cláudio Fortuna, gerente de Marketing da rede.
Para o ano que vem, os responsáveis pela empresa estão fechando o orçamento e prometem "pisar no acelerador", abrindo 12 lojas e continuando a ampliar investimentos em tecnologia e outras áreas da companhia.
Vestuário
Na área de vestuário, que de acordo com dados do IBGE apresentou uma queda de 6,6% nas vendas em setembro e pode fechar em queda em relação ao ano passado, já é previsto um melhor desempenho a partir do Natal, e a queda não atingiria as grandes redes e lojas de departamentos. "A queda é principalmente no pequeno varejo e a explicação ainda pode ser o aumento do preço dos produtos e a migração da renda do consumidor para o segmento de supermercados e pagamento de bens duráveis", explica Luiz Goes, sócio sênior e diretor da GS&MD Gouvêa de Souza.
Na rede de roupas M.Officer, por exemplo, não houve queda das vendas e Jair Lorenzetti, CEO do grupo, que reúne ainda outras marcas, afirma que projeta um crescimento de 150% em uma das marcas para o ano que vem. A rede está com bom crescimento no acumulado do ano, e somente não abriu muitas lojas em função da crise econômica. "Nosso setor não teve políticas de incentivo como o de veículos e de eletrodomésticos, mas nós fecharemos com alta e devemos acelerar nossa expansão no ano que vem, chegando a 150 lojas próprias", afirma.
O especialista Douglas Uemura, da consultoria LCA, também aposta em uma recuperação: "O segmento de vestuário está demorando um pouco mais, mas creditamos que pode crescer acima de 10% em 2010", diz.
Farmácias
A venda de artigos farmacêuticos e de beleza também tem se destaco pelo bom desempenho e, de acordo com Nelson de Paulo, gerente de Marketing da rede Drogão, a queda de 6,6% no segmento de farmácias deve-se a uma variação normal do mercado de farmácias:
"O mercado de farmácias como um todo está apresentando uma variação entre as empresas; no caso do Drogão, em 2009 fecharemos dentro do previsto". No próximo ano a rede pretende manter o mesmo ritmo de crescimento, que este ano deve chegar à ordem de 14% perante os números do ano passado.
De acordo com o gerente, a proximidade com o cliente é fundamental para driblar a concorrência no mercado, que está cada vez mais competitivo. "Não vendemos apenas remédios, e sim atenção, oferecendo bons preços, qualidade e informação correta para ganhar o cliente."
Para a rede Drogão, a proximidade com o cliente é o diferencial para se manter no mercado. "Não queremos nos expandir para outros estados, nosso foco é São Paulo e as cidades próximas [a até 100 quilômetros]. Costumo dizer que somos uma rede regional, com cara e sotaque regional."
Análise
Para o economista da LCA, este ano o varejo fechará com alta de 5,5% sobre 2008, e em 2010, a projeção é de alta de 7,8%. "Os supermercados não pararam de crescer, o vestuário deve acelerar, e eletrodomésticos e veículos já tiveram uma grande aceleração." Ele também afirma que os números comprovam que o País teve uma rápida recuperação da crise.
Para Luis Goes, a massa salarial deve crescer e a inflação não deve subir em 2010, indicando que o varejo pode voltar a ter grandes altas, recolocando-se no patamar de dois anos atrás.
Veículo: DCI