Consumo em alta acirra disputa por papel higiênico

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Depois da chilena CMPC comprar a Melhoramentos, chinesaAPP entra no mercado e Kimberly-Clark aumenta produção

 

Embalado pelo aumento generalizado na venda de bens de consumo, o negócio de papéis absorventes está atraindo novos investimentos e competidores no Brasil. Denominado de tissue, o segmento engloba papéis higiênicos, toalhas de cozinha e de mão, lenços e guardanapos.

 

A Kimberly-Clark investirá US$ 50 milhões até 2010 para aumentar em 30% a capacidade de produção de tissue, atualmente de 150mil toneladas anuais. Em abril, a CMPC, uma das maiores empresas chilenas,adquiriu a divisão de tissue da Melhoramentos, tradicional fabricante brasileira na categoria. A paranaense Mili recentemente
inaugurou uma nova fábrica em Maceió. Neste mês, a chinesa Asia Pulp & Paper (APP) fechou o primeiro contrato no Brasil de venda de tissue. O interesse por este segmento de mercado se justifica.

 

Segundo a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), entre janeiro e agosto deste ano, o mercado nacional de papel encolheu em relação ao ano passado, de 6,26 milhões de toneladas para 6,13 milhões neste ano. Mas em sanitários cresceu, de 566 mil para 575 mil toneladas. Aproximadamente 75% do volume é papel higiênico. As empresas miram, é claro, o longo prazo. E o futuro deste negócio promete. Pelo menos é como analisa o especialista Carlos Farinha e Silva, vicepresidente sênior da consultoria Pöyry. “O tissue é a estrela da vez. Seu consumo cresce em todos os mercados emergentes, à medida que há aumento do poder aquisitivo da população”, afirma Silva.

 

Folha dupla

 

João Luiz Damato, presidente da Kimberly-Clark Brasil, avalia que o mercado nacional, além de crescente, está passando por uma evolução qualitativa. Atualmente os papéis higiênicos mais sofisticados, de folha dupla, respondem por 25% das vendas. “Mas está havendo uma migração rápida de consumo a favor dos produtos de qualidade, a um ritmo de um ponto percentual por ano”, diz o executivo. Para Damato, esta migração ocorre porque o brasileiro está percebendo que, apesar de 50% mais caro, o folha dupla rende mais. “Um rolo folha dupla de 30moferece ao consumidor 60m de papel”, diz.

 

A Kimberly-Clark, relata Damato, é líder no mercado brasileiro tissue, com 25% do faturamento. A empresa comercializa a marca Neve, que tem 17% de participação em valor de mercado, e Scott, com 7% dos negócios. A meta da empresa, relata o executivo, é chegar a 30% de participação no mercado em três anos, impulsionando principalmente as vendas da linha Scott, um folha duplamais popular. Além do aumento de capacidade
fabril em suas duas unidades, Correia Pinto (SC) e Mogi das Cruzes (SP), a empresa também aposta na inovação para melhorar seu posicionamento no mercado. Um exemplo foi o lançamento em julho do Scott Compacto, um pacote de oito rolos de papel que são comprimidos de forma a ocupar 26% a menos de espaço. Os preços são os mesmos. Neste mês, uma versão da marca Neve, a Naturale,chega ao mercado com as mesmas características compactas. “Hoje as casas são cada vez menores e as pessoas têm pouco espaço na despensas. Estamos oferecendo uma solução simples, mas útil”, diz o executivo.

 

Os supermercados também agradecem, uma vez que a mercadoria ocupa menos espaços nas gôndolas.

 

Veículo: Brasil Econômico


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