A queda de preços dos produtos é o fator principal, na opinião de varejistas de São Paulo, para o otimismo em relação às expectativas de faturamento para o fim de ano. Associados do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV) calculam que as vendas de Natal deste ano sejam 5% maiores que no ano passado. A previsão, no entanto, é conservadora. A deflação é tão grande, que alguns varejistas consultados pelo Valor chegam a projetar vendas até 200% maiores para determinados produtos.
Combinado com o aumento continuado do salário mínimo - que também atinge dois terços dos benefícios previdenciários - , a retomada das contratações, especialmente na indústria, tem sido relevante para elevar as previsões de vendas do varejo.
"O emprego em alta e o crédito facilitando condições de pagamento à prazo são importantes. Mas a história será contada pela deflação de preços", diz José Domingos Alves, supervisor-geral da Lojas Cem. Para ele, a "principal sensação" do Natal será a televisão com tela LCD, que custa hoje cerca de 20% menos que no ano passado. Esse movimento, afirma Alves, facilita o consumo mais que "qualquer outro fator", uma vez que, com a mesma renda, pode-se adquirir mais. "Uma pessoa que tenha permanecido na mesma condição salarial, porque o ano foi difícil, ainda assim terá maior poder de compra, porque os preços ajudam", raciocina. A Lojas Cem conta com 178 pontos de venda, distribuídos em quatro Estados (SP, RJ, MG e PR) e deve, até o fim do ano, inaugurar mais duas unidades.
O grupo Pão de Açúcar, dono dos hipermercados Extra e dos supermercados Pão de Açúcar, CompreBem e Sendas, aposta em aumento de vendas de até três dígitos. Segundo informa a empresa, "TVs de LCD e aparelhos de DVD Blue Ray serão as vedetes deste final de ano na categoria de eletroeletrônicos". O grupo espera incremento de 20% neste segmento, se comparado com o mesmo período do ano passado. Para as televisões de LCD, o Pão de Açúcar projeta vendas 200% maiores no fim de ano em comparação ao ano passado. A expectativa da companhia é que as vendas de computadores apresentem alta de até 20%, sustentadas por queda dos preços de 30%, em média, em relação ao ano passado.
Segundo Marcelo Silva, superintendente do Magazine Luiza, o faturamento da companhia deve fechar o ano 20% acima do registrado no ano passado, aproveitando maior comercialização de bens eletroeletrônicos (aumento de 80% ), além de celulares e computadores - ambos, segundo Silva, devem vender 30% mais que no Natal de 2008. "Temos uma previsão de aumento de 30% nas vendas em novembro, com relação ao mesmo período do ano passado. Em dezembro, espera-se um aumento um pouco maior, de 33% em relação a 2008", afirma.
O aumento de vendas no varejo impulsiona resultados ainda mais fortes para o ano que vem. "Em 2010 teremos eleições e Copa do Mundo, além de um PIB de quase 6%. Tudo isso alavanca quedas maiores nos preços", avalia Marcelo Vienna, vice-presidente comercial do Wal-Mart Brasil. Enquanto no ano passado o dólar ficou em R$ 2,39 na média de dezembro, agora as compras estão sendo feitas com a cotação em R$ 1,72. "Importados como brinquedos, decoração natalina e itens de utilidade doméstica, vindos da Ásia, foram negociados no começo do ano, quando o câmbio era desfavorável. Hoje, a situação é outra. Com a recuperação, aumentamos as encomendas de produtos nacionais", explica. Segundo ele, a competição com importados ajudou a baratear o produto final
Veículo: Valor Econômico