Clientes que buscam itens para o consumo próprio já chegam a 60% do total
Vendas para pessoa física surgiram como uma demanda natural de pasteleiros e donos de pequenos negócios
A transformação das lojas de atacado em braços de varejo fez a modalidade ganhar espaço nas compras de consumidores finais.
Segundo o presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), Sussumu Honda, esses clientes já representam cerca de 60% das pessoas que vão às lojas de atacado.
"A gente percebe que eles não têm mais o foco no transformador [pequeno comerciante]", aponta Honda.
O maior atrativo para a compra no atacado de autosserviço, também chamado de atacarejo, é o preço. Os produtos atingem valores até 30% menores do que custariam no varejo.
A competitividade é resultado de lojas mais simples, com menos serviços e atendimento, além de variedade de produtos -um atacarejo tem 9.000 itens, ante os 50 mil de um varejo.
"Muitos clientes de varejo estão buscando nossas lojas de atacado", afirma o diretor da bandeira Assaí, do Grupo Pão de Açúcar, Maurício Cerrutti, em que os clientes de varejo já representam 70% do total.
As vendas para pessoa física surgiram como uma demanda natural de pasteleiros e donos de pequenos negócios, que começaram a pedir produtos avulsos para a casa enquanto repunham o estoque para o comércio.
As lojas perceberam o potencial e adaptaram o ambiente para receber os clientes individuais, com maior exposição de produtos avulsos, adoção de um preço para venda unitária e a liberação a consumidores sem cadastro.
PRIORIDADE
O modelo de atacarejo virou prioridade para as grandes redes do varejo e passou a receber a maior fatia de investimentos.
Em três anos, o Carrefour abriu 41 unidades do Atacadão, o Walmart expandiu em 40 lojas a bandeira Maxxi, e o Pão de Açúcar inaugurou 33 endereços do Assaí.
Com forte crescimento orgânico, as bandeiras ajudam a engordar o faturamento dos grupos. O Assaí subiu de 1,3% das vendas do grupo em 2007 para 8,4% (R$ 2,2 bilhões) em 2009.
O Atacadão recebeu destaque no resultado financeiro global do grupo Carrefour por conta da crescente contribuição à receita de vendas no Brasil.
"Fizemos uma pesquisa anos atrás e vimos que o segmento de atacado cresce mais do que o varejo. O atacarejo vai ganhar representatividade nesse sentido [faturamento]", sugere Cerrutti, do Assaí.
Veículo: Folha de S.Paulo