Abertura da Expoagas 2011 foi marcada por reivindicações de maior apoio à atividade e desoneração de produtos
Cobranças por isenções fiscais e maior fiscalização do poder público sobre a atividade de multinacionais marcaram a abertura oficial da 30ª edição da Convenção Gaúcha de Supermercados e Expoagas 2011, na manhã de ontem, na sede da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs). Diante de representantes de governos municipal e estadual e de uma plateia formada por supermercadistas e fornecedores, dirigentes do setor supermercadista cobraram mais apoio à sua atividade e desoneração de produtos vendidos nas gôndolas.
Extensão a todos os produtos do mecanismo de substituição tributária, derrubada da barreira para a entrada de carne com osso de outros estados no Rio Grande do Sul e isenção sobre a venda de itens como leite em pó e carne pautaram o discurso de Antônio Cesa Longo, presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas). “Queremos o fortalecimento da indústria e melhores condições para a competitividade dos pequenos e médios supermercadistas”, afirmou.
A maior reclamação está na tributação da carne, cujos preços nos supermercados têm subido desde o início do ano. A restrição à entrada do produto com osso e as reservas de mercado são apontadas pelos empresários como fatores de ampliação de preços. O segmento também pede o mesmo benefício concedido aos açougues no comércio de carne, que é a isenção de PIS e Cofins.
Apenas no Estado, o autosserviço perde R$ 40 milhões por ano com a cobrança destes tributos, cuja extinção já virou um pleito nacional. “Queremos apenas igualdade, nada mais do que isso, e estamos trabalhando em esfera nacional e negociando com governos para obtermos isto”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumo Honda.
Longo falou ainda da necessidade de o poder público atuar em prol da competitividade do setor, evitando a instalação de grandes redes nacionais e internacionais em bairros médios e desestimulando fusões e aquisições. “Recentemente, fomos contra a fusão que vinha sendo sondada por dois grandes supermercados e lamentamos especialmente um possível financiamento do Bndes à operação”, disse Longo. Nos últimos meses, a rede Pão de Açúcar e o Walmart teriam tentado comprar as operações do Carrefour no Brasil.
“Pedimos que os governos fiscalizem e avaliem o crescimento de multinacionais no mercado brasileiro, de forma a possibilitar a competitividade dos pequenos e médios mercados”, afirma Longo. O dirigente cobrou do governo federal uma revisão dos encargos sobre o comércio, em particular no varejo, como o seguro-desemprego. Para ele, é necessário que o pagamento do benefício seja condicionado à busca de qualificação por parte do desempregado.
A Expoagas 2011 reunirá 334 empresas fornecedoras de produtos, equipamentos e serviços para supermercados e deverá receber 38 mil visitantes até amanhã. A expectativa é movimentar R$ 270 milhões em negócios, quantia 5,8% superior à de 2010.
Convênios disponibilizam linhas de financiamento
O vice-governador do Estado, Beto Grill, considerou legítimas as reivindicações dos supermercadistas e afirmou que o governo do Rio Grande do Sul está aberto ao diálogo. “O governo está disposto a ouvir e debater opções para reduzir o custo das empresas, sempre procurando buscar um equilíbrio”, afirmou. Na noite de segunda-feira, a Agas e o governo gaúcho averbaram acordo para reduzir o ICMS sobre o leite de soja por 24 meses e renovar o creditamento de 20% sobre a energia elétrica.
A abertura da Expoagas foi lugar ainda de homenagem a tradicionais expositores e assinatura de convênios com entidades como BRDE, para reforçar as linhas de financiamento aos supermercados, e Universidade de Caxias do Sul para reforçar a qualificação. Outro acordo foi renovado com apoiadoras para promover treinamentos para mão de obra no Interior, no programa De Olho no Futuro.
Veículo: Jornal do Comércio - RS