O índice médio de perdas do setor de auto-serviço brasileiro, de 2,3%, se manteve semelhante ao registrado nos últimos anos, demonstra a pesquisa Perdas do Varejo Brasileiro, da Abras, divulgada ontem pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras). O índice equivale a menos R$ 2,6 bilhões no faturamento do setor em 2010. As quebras operacionais, geradas por questões como embalagem amassada e data de validade vencida, constituíram a principal causa isolada do problema, com 32,8% dos casos.
A soma dos furtos internos (15%) e externos (19,5%) respondeu por mais 34,5% das perdas. "Ainda é um número muito expressivo e um problema de difícil solução. Mas hoje já dá para monitorar. Há tecnologia para isso", disse o superintendente da Abras, Tiaraju Pires. No ranking sobre a origem do problema, a versão 2011 da pesquisa Abras detectou erros administrativos (14,1%); fornecedores (9,5%); e outros ajustes (9,1%).
O varejo brasileiro de auto-serviço, na opinião de Pires, tem muito para avançar com o uso de tecnologia que evite perdas. Mas o combate efetivo ao problema (e sua prevenção), acrescentou, demanda providências em várias frentes. "É preciso estabelecer processos claros em toda a cadeia envolvida no negócio, desde a fábrica do fornecedor", diz.
O estudo mostra que 50,5% das perdas dos supermercados não são identificadas. Quanto aos produtos, os perecíveis se destacam com 69,6% de participação, repetindo destaque já observado em outras versões da pesquisa.
Outros destaques estão relacionado ao fato de 61% dos supermercados não darem atenção especial aos produtos de alto risco (eletrônicos, protetor solar, itens de alto valor agregado) e 42,7% da amostra não possuir equipe específica para prevenir perdas.
A divulgação do estudo, ontem, aconteceu simultaneamente ao Supermeeting Perdas e Lucratividade 2011, realizado na Abras. O evento reuniu supermercadistas para discutir a questão, a partir de encenações lúdicas e interativas, que reproduziam situações de perda em mercados.
Edson Costa veio de Itabuna (BA) para acompanhar o evento. Ele é supervisor operacional do Itão Supermercados, rede de porte médio, com 40 anos de mercado e quatro lojas. "Trabalho com o controle de perdas há cinco anos", disse. A empresa estreou com os hortifruti e, segundo Costa, já reduziu as perdas, de 30% para o nível de 3% a 4%. Neste ano, a equipe iniciou trabalho semelhante com os perecíveis.
A pesquisa foi realizado pelo GPP/Provar-Fia, em parceria com a Felisoni Consultores Associados e a Nielsen.
Veículo: Diário do Comércio - SP