Varejo: Furtos e falhas operacionais consumiram 2,3% da receita, mais do que a margem de lucro do setor
O prejuízo nos supermercados se concentra nas categorias perecíveis, como frios e laticínios, segundo pesquisa da AbrasProdutos vencidos, abertos e danificados durante a compra ou furtados por funcionários e clientes foram os principais culpados pelas perdas de 2,3% da receita operacional bruta dos supermercados brasileiros no ano passado. O prejuízo superou a margem de lucro média do setor, de 1,9% em 2010. Foram R$ 4,64 bilhões que deixaram de entrar nos caixas dos varejistas.
O levantamento das perdas de 2010 será divulgado hoje ao setor pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em parceria com a Fundação Instituto de Administração (FIA), a Nielsen e a consultoria Felisoni.
A pesquisa foi realizada com 164 supermercados, em um avanço importante da amostra com relação aos 48 avaliados em 2010, quando a participação das perdas também ficou em 2,3%, em pequeno recuo com relação aos 2,4% de 2008.
No último levantamento, os furtos voltaram a responder pela maior parcela das perdas (34,5%). Os furtos por parte de clientes responderam por 19,5% do total, enquanto os realizados por funcionários somaram 15%.
As quebras operacionais - produtos retirados das gôndolas porque venceram ou foram manipulados de forma errada - responderam por 32,8% do prejuízo. Os 32,7% restantes são atribuídos a problemas com fornecedores e falhas administrativas.
A maior parte das perdas, 69,6% do total, esteve relacionada a produtos perecíveis - como laticínios, frios, carnes, pães, frutas e verduras. Além de ter vida útil curta, esses itens são mais sensíveis à manipulação.
"É preciso treinar os funcionários, definir processos claros e fazer uma supervisão forte", diz o superintendente da Abras, Tiaraju Pires. No ano passado, os supermercados destinaram, em média, 0,6% do faturamento à prevenção de perdas, cerca de R$ 1,2 bilhão. O investimento é concentrado nas grandes redes, que criaram departamentos dedicados exclusivamente ao tema, segundo Pires. Já as empresas menores estariam mais atrasadas nesse processo.
Um avanço, na opinião de Pires, ocorreu na capacidade dos supermercados em descobrir as causas das perdas. As ocorrências com motivo identificado, que eram 46,1% do total em 2008 e 48,7% em 2009, chegaram a 49,5% no ano passado.
Na tentativa de sensibilizar os supermercadistas sobre a prevenção, a Abras procura inovar durante o sexto encontro sobre o tema Perdas e Lucratividade, realizado hoje. A associação contratou um grupo de atores para encenar ocorrências do cotidiano das lojas. O público será estimulado a apontar soluções.
Veículo: Valor Econômico