A guerra das carnes

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Com preços mais elevados, grande varejo perde vendas e abre espaço para os açougues, que, modernizados, ressurgem; supermercados dizem levar desvantagem tributária

 

Com preços mais competitivos do que os grandes supermercados, os açougues ganham mercado e vivem uma fase de "renascimento".

 

Protagonistas do comércio de carnes até os anos 80, os açougues passaram por uma forte crise na década de 90, quando o número de estabelecimentos caiu para menos da metade em São Paulo.

 

Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Carnes Frescas do Estado de São Paulo, a quantidade de lojas na capital chegou ao piso de 2.200 na pior fase da crise, em relação ao auge de 5.000.

 

Problemas sanitários e mudanças no perfil do consumidor levaram muitos açougues a fechar suas portas.
"Agora está havendo uma recuperação", diz Manuel Ramos, presidente do sindicato, que estima o número de açougues em 2.800 hoje em São Paulo.

 

Levantamento da Folha feito na Junta Comercial do Estado de São Paulo e no "Diário Oficial" mostra aumento no número de açougues abertos a partir de 2009 -nos últimos 12 meses, foram 283.

 

O aumento da comercialização de carne com osso -vendida quase exclusivamente para os açougues, pois os supermercados normalmente compram carne já desossada- é outro sinal da retomada do segmento.

 

As carnes com osso, que em 2009 representavam cerca de 30% das vendas dos frigoríficos, hoje estariam perto de 50% do total, segundo estimativas do mercado.

 

A Abras (Associação Brasileira dos Supermercados) estima que as vendas de carne bovina caíram de 15% a 20% nas redes desde outubro de de 2009, quando foi suspensa a cobrança de 9,25% de PIS e Cofins paga pelos frigoríficos nas vendas de carne.

 

Essa mudança tributária, segundo a entidade, explica a diferença entre os preços praticados nos supermercados e nos açougues.

 

Segundo Tiaraju Pires, superintendente da Abras, a desoneração dos frigoríficos prejudicou o grande varejo.

 

Antes, os supermercados tinham um crédito de 9,25% para abater do valor da compra e pagavam os impostos só sobre a margem de lucro.

 

Após a mudança, passaram a contar com um crédito presumido de 3,7%, o que resultaria em aumento de 6% no custo líquido.
"Para um produto que é operado com margem extremamente baixa, os supermercados precisam fazer uma engenharia para manter a rentabilidade", afirma Pires.

 

Já os açougues, como se enquadram no perfil de micro e pequenas empresas, pagam uma alíquota de PIS e Cofins de até 2% sobre o valor de venda da carne.

 

A Abras pede ao governo, desde 2009, desoneração de toda a cadeia, sem sucesso.

 

Para Ramos, o renascimento dos açougues deve-se à sua adequação à nova realidade do mercado, das condições de higiene ao atendimento personalizado. "Alguém tem de fazer o papel da dona de casa, que agora está no mercado de trabalho", diz.

 

Veículo: Folha de S.Paulo


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