A crise financeira ainda não faz parte das preocupações dos brasileiros que mantêm inalterados os planos para as compras de fim de ano, aponta pesquisa da multinacional francesa Ipsos, o que eleva as projeções otimistas de redes varejistas como Grupo Pão de Açúcar e Wal-Mart, por exemplo. Segundo a Ipsos, apenas 16% dos entrevistados têm acompanhado os desdobramentos da crise, enquanto 41% dos participantes responderam "um pouco". "O resultado da pesquisa mostra que a crise não provocou impacto relevante nas decisões de compra dos brasileiros", analisou Paulo Cidade, diretor da área de Public Affairs da Ipsos.
Marcos Gouvêa de Souza é outro especializado no varejo otimista com o mercado. Ele conta do levantamento realizado pela consultoria Gouvêa de Souza & MD, que também aponta - ao setor supermercadista - impacto pífio nas vendas deste final de ano. "A tendência é de que o consumidor não gastará menos nas compras de fim de ano", afirmou.
Prova do cenário favorável ao consumo e às vendas é vista, na prática, pelo resultado do mês de outubro das bandeiras da rede Pão de Açúcar, que registrou alta nas vendas líquidas de 29,2%. Outro termômetro é o crescimento do Wal-Mart Brasil, na área internacional da holding, que quase chegou à casa dos 20% no último trimestre, encerrado em 31 de outubro para a empresa.
No Grupo Pão de Açúcar, cujo controle é dividido pelo empresário Abilio Diniz com o francês Grupo Casino, as vendas da varejista brasileira totalizaram R$ 1,75 bilhão e as vendas líquidas R$ 1,52 bilhão. As taxas de crescimento atingiram 25,2% e 29,2% respectivamente, em comparação ao ano anterior. No conceito "mesmas-lojas", o incremento das vendas brutas foi 13,9% e das vendas líquidas de 17,4% frente a 2007.
O setor de não-alimentos - responsável pela maior fatia no faturamento da companhia - não deu sinais de arrefecimento, como previam que aconteceria alguns consultores especializados em varejo, além de ser a aposta também da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Tanto que no conceito de mesmas-lojas, a comercialização do segmento obteve alta de 19,3%, "mais uma vez, um forte crescimento". O destaque na subcategoria foram os eletroeletrônicos, que apresentaram incremento de dois dígitos, acima da média da empresa. A venda de alimentos progrediu 12,1% no mês passado.
Atento às mudanças do cenário internacional, Eneas Pestana, vice-presidente administrativo-financeiro do grupo, disse: "Imagino que haja uma desaceleração dos não-alimentos, mas que a FIC [Financeira Itaú CDB] tem políticas de crédito muito rigorosas e uma carteira saudável com pouca inadimplência. Vamos agir rápido frente a qualquer sinal".
O executivo lembra que no terceiro trimestre do ano, o Grupo teve lucro recorde, chegando a R$ 82,513 milhões, valor 137,8% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. O bom desempenho foi atribuído à política de precificação, evolução contínua do valor do tíquete médio e tráfego de clientes. Como nos meses anteriores, as bandeiras que puxaram para cima os resultados da companhia foram Extra, Extra-Eletro e Extra Fácil.
Wal-Mart
A estratégia de vender a preços mais competitivos levou a operação brasileira da gigante norte-americana Wal-Mart a se destacar nos resultados consolidados do terceiro trimestre, em que as vendas líquidas foram US$ 97,6 bilhões. No Brasil, as vendas totais cresceram 17% no último trimestre e 4,8% na comparação "mesmas lojas". As principais bandeiras que contribuíram para o resultado foram Wal-Mart Supercenter (hipermercado) e Maxxi (atacado), que chegaram a 19% de aumento de vendas na comparação com o número de lojas.
A área internacional da companhia mais uma vez teve destaque, com crescimento de 11,2% no mesmo período. "As operações internacionais continuam sendo os negócios que mais crescem no Wal-Mart, comprovando que nossa missão de vender por menos para as pessoas viverem melhor ressoa junto aos clientes em todos os lugares onde operamos", diz Lee Scott, presidente do Wal-Mart Stores.
As vendas totais da líder no setor supermercadista do País, a rede Carrefour, cresceram 16,1% no terceiro trimestre, aumento de 8,4% na comparação com o mesmo período do ano passado no quesito mesmas-lojas. Em relação ao resultado global da empresa, a alta foi de 7%.
Veículo: DCI