O consumidor que tiver interesse em comprar um eletrodoméstico nas próximas semanas poderá ter boas surpresas. As redes podem segurar preços e reduzir suas margens para evitar uma retração ainda maior nas vendas, já prejudicadas pela escassez de crédito e financiamento mais seletivo. Os preços de muitos eletrônicos, que acumulam deflação ao longo do ano, por conta do dólar mais baixo que vigorou até agosto, podem se manter no mesmo patamar até o Natal.
A Casas Bahia informou, via assessoria de imprensa, que não está aceitando alta de preços dos seus fornecedores, e que por isso manterá, para os consumidores, os mesmos preços e condições de parcelamento. A empresa espera comercializar 7% a mais do que no Natal passado. A rede Magazine Luiza também está otimista. As vendas totais devem aumentar 30%, impulsionadas pela abertura de 50 lojas em São Paulo, em setembro. Sobre repasses de custos, a empresa não fez comentários.
De acordo com levantamento da Associação Comercial do Paraná (ACP), o comércio de Curitiba deve ter alta de 4% nas vendas natalinas. O índice está mais baixo do que o registrado nos dois últimos anos (13,3% em 2007 e 9% em 2006), mas é considerado positivo pois a base de comparação é bastante alta. O professor de Planejamento Econômico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Vamberto Santana, diz que há algumas variáveis que podem contribuir para as vendas natalinas crescerem ainda mais. “O consumidor vai para a loja achando que vai encontrar preços muito altos, mas, na verdade, muitos itens ainda estão sob o impacto do dólar mais baixo.”
Preços
Entre janeiro e outubro deste ano, os produtos eletroeletrônicos em Curitiba tiveram redução de 2,89%. A queda mais acentuada foi do aparelho de DVD: 12%. A tendência natural é que os eletroeletrônicos fiquem mais baratos, por conta do aumento da produção e da inovação tecnológica, que deixa os produtos defasados rapidamente, explica o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda. Mas ele diz que esse movimento deve ser paralisado agora, por conta do aumento do dólar. “Tivemos um dólar descendente na maior parte do ano. Mas a reversão que ocorreu agora foi muito forte. É preciso repassar o custo, porque, do contrário, o lojista não consegue fazer a recompra do produto.”
Mas a disputa pelos clientes pode contribuir para que as etiquetas de preços não sejam trocadas tão cedo. “Nesse momento, as empresas estão muito receosas de acrescentar valores. Como há uma competição muito grande, não considero que esse momento seja adequado para o repasse de preços”, observa Santana, da UFPR. “A saída parece ser lucrar menos, mas garantir volumes grandes de venda. A tendência é que os preços fiquem, pelo menos, no mesmo patamar que no ano passado, pela disputa que vai haver entre as empresas”, avalia Emerson Kapaz, diretor do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), que é formado por 31 redes de varejo nacionais.
Tributos
O melhor presente de Natal é um livro, pelo menos no quesito carga tributária. De acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), esse artigo tem apenas 15,52% de tributos embutidos, bem menos do que a maioria dos artigos que viram presentes no fim de ano. Perfumes importados, por exemplo, têm 78,4% de tributos; jogos eletrônicos. 72%; e perfumes nacionais, 69%.
Venda de brinquedo deve aumentar 10%
A criançada não terá do que reclamar. A venda de brinquedos neste ano deve superar em 10% a marca de 2007. A expectativa é da Associação Brasileira dos Importadores e Exportadores de Brinquedos e Produtos Infantis (Abrimpex). O Brasil comercializa cerca de 140 milhões de unidades de brinquedos por ano, das quais 20 milhões são importadas. Mas a escalada do dólar não deve influenciar muito no preço desses itens. Segundo a Abrimpex, a maior parte dos brinquedos para o Natal são importados com grande antecedência. De acordo com o presidente da Abrimpex, Eduardo Benevides, os importadores e os fabricantes começaram a se organizar para o feriado meses atrás, em abril, e por isso a variação cambial não deve provocar muitas alterações de preço. Em Curitiba, o custo dos brinquedos vinha caindo nos últimos meses, acumula queda de 5% entre janeiro e outubro.
Veículo: Gazeta do Povo Online