A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) está feliz com os resultados do setor no ano passado e também com as perspectivas para 2012. A entidade mantem a expectativa de crescimento real de faturamento anual na casa de 4% e segundo seu superintendente, Tiaraju Pires, acena com a possibilidade de rever a projeção para cima, ao final de abril, quando terá dimensão mais realista do primeiro trimestre, sem os efeitos das vendas sazonais do período de Páscoa.
De acordo com o balanço divulgado ontem pela Abras, o faturamento bruto do autosserviço cresceu 11,3% de 2010 para 2011, saltando de um total de R$ 201,6 bilhões para R$ 224,3 bilhões em valores nominais. Na mesma base de comparação, o setor ganhou 882 novas lojas, contabilizando, ao final do ano passado, 82.010 unidades e 967.720 funcionários diretos.
Ranking – O balanço de 2011 também dá forma ao 35º Ranking Abras, liderado pela Companhia Brasileira de Distribuição (Grupo Pão de Açúcar), com faturamento bruto de R$ 52,6 bilhões, equivalentes à variação de 45,8% ante 2010.
A classificação divulgada ontem, com as 20 maiores receitas do varejo brasileiro de autosserviço, mostra que não houve alteração na posição dos primeiros seis colocados (Confira quadro abaixo). Aumentou, no entanto, a diferença de faturamento entre os dois primeiros.
Pires explica que o Grupo Pão de Açúcar foi favorecido pela incorporação das receitas do Ponto Frio e Casas Bahia. Já o Carrefour, o segundo do ranking, deixou de contabilizar as vendas da bandeira Dia Mais, separada, para efeito de gestão. A rede francesa faturou R$ 28,7 bilhões em 2011, com recuo de 0,8% ante 2010. O resultado se tornaria positivo (com 8,9% de crescimento), caso fosse retirada da base de comparação (2010) a receita da rede Dia Mais, que não forneceu dados para a 35ª versão do ranking.
Cenários – O cenário de 2012 se mantem positivo, segundo análise do superintendente da Abras. A variação negativa das vendas de fevereiro ante janeiro, com recuo de 0,18% em valores reais (deflacionado pelo IPCA, do IBGE), está dentro do comportamento esperado para essa época do ano. "Fevereiro, apesar do ano bissexto, tem dois dias a menos", justifica Pires. Para os supermercados, detalha, dois dias a menos de venda podem gerar diferenças de faturamento de até sete pontos percentuais, conforme o período da semana.
Na comparação com igual mês do ano passado, no entanto, o Índice Nacional de Vendas da Abras registrou, em fevereiro, crescimento real de 11,58%. No acumulado do ano (janeiro e fevereiro), o setor contabilizou variação positiva real de 7,57%, ante igual período de 2011 (e 14,07% na variação nominal). Pires atribui o bom desempenho ao crescimento da massa salarial e ao efeito do reajuste do salário mínimo 14,12%.
É comum, segundo Pires, que imediatamente após esse tipo de reajuste, haja crescimento do consumo no autosserviço. Isoladamente, o fato não garante continuidade das vendas aquecidas – "As pessoas também têm que pagar dívidas e há o incentivo da isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que estimula a venda de outros produtos", justifica o executivo da Abras. Ainda assim, a entidade analisa como positivos os cenários econômicos local e internacional, "sem indícios de mudanças".
Veículo: Diário do Comércio - SP