A possibilidade de comprar em supermercado sem precisar pegar os produtos ou empurrar o carrinho pelo corredor em breve pode ser realidade no Brasil, apontam redes supermercadistas em encontro do ramo.
Rede mira a interatividade para obter ganhos
A possibilidade de visitar um supermercado e não precisar empurrar o carrinho de compras pelo corredor ou pegar os produtos para levar para casa em breve pode ser realidade no Brasil. Os empresários do setor supermercadista estão atentos para não perderem a oportunidade de ampliar sua rentabilidade e a interatividade é a maior tendência.
A demanda fez surgir, por exemplo, o sistema criado pela Vip System, que possibilita ao consumidor maior interatividade no ponto de venda. O sistema permite ao consumidor usar no supermercado uma tela interativa e manuseável, em que o cliente consegue andar por todo o ponto de venda e ampliar imagens dos produtos, ou até obter informações mais completas sobre os itens de interesse.
Segundo Regiane Romano, presidente da Vip System, a tecnologia é uma realidade no País, e, com a proximidade da Copa do Mundo, em 2014, o varejista que não tiver no mínimo dois ou três diferenciais tecnológicos em sua operação não conseguirá atender a demanda do público consumidor que estará no Brasil durante o evento. "Teremos um fluxo imenso de consumidores diferentes, que em sua grande maioria estão acostumados com tecnologias. Quem não aproveitar vai perder venda", disse. A especialista em tecnologia fez questão de ressaltar que, os avanços tecnológicos vieram para ficar. "A modernidade está aí, você tem que usar e abusar disso", explicou.
A especialista apresentou sistemas utilizados nos Estados Unidos e em outros países que têm o intuito de promover a já conhecida e necessária experiência de compra. Ela apontou essas tendências na 46ª Convenção Abras, que reúne empresários do varejo alimentício. Dentre diversos equipamentos que auxiliam a automação da operação e a redução de perdas, o que mais se destaca fica por conta de sistemas que conversam diretamente com quem interessa: o consumidor. Há quem acredite que substituir a mão de obra é algo complicado, mas, com o auxílio de uma atendente virtual, isso pode se tornar uma realidade. "Vamos pensar pelo lado positivo. Um atendente eletrônico não fica doente, não sai de licença-maternidade, tampouco pede aumento de salário", brincou Regiane, que completou: "Brincadeiras à parte, ter algo virtual conversando com o seu cliente fará com que ele se encante, e, por consequência, compre".
Outro item impulsionador de compras são os quiosques eletrônicos. Esses equipamentos contêm um número expressivo de informações sobre produtos e serviços oferecidos e neles o consumidor consegue encontrar tudo de que precisa. A presidente da Vip System enfatizou que esse tipo de autoatendimento faz com que o consumidor compre como de hábito, mas sem que um vendedor o "atrapalhe". "Você venderá o que quiser como sempre, mas sem ser invasivo demais sobre o seu cliente", disse.
Necessidades
Se se pretende tornar high tech o ponto de venda, a utilização de câmeras - que captam o rosto do seu cliente e definem seu perfil, identificando sexo, idade e até tipo físico - se faz necessária. "Com essas câmeras, além de ficar conhecendo o perfil dos seus clientes, é possível saber o fluxo diário da loja e os locais de uma maior procura e os que quase não a têm. Ao identificar essas características, basta inserir atrativos tecnológicos nos locais menos procurados para evitar perdas."
Gôndolas com a tecnologia 3D mostram de forma mais atrativa os produtos expostos nas prateleiras. A inserção de vending machines - máquinas de vendas de autoatendimento que comercializam de bebidas e biscoitos a livros e lanches - também pode ser uma técnica acertada do empresário. Regiane citou o exemplo de uma máquina que vende pão, sem a necessidade de todo aquele aparato de uma padaria convencional.
"É um ponto de venda móvel muito efetivo para aumentar a rentabilidade. O cliente, em uma tela acionável a toque, escolhe o pãozinho que quer levar para casa e a máquina assa na hora o escolhido."
Quando a operação de um supermercadista contar com um espaço para venda de roupas, uma tela de computador -também a toque- permitirá ao cliente experimentar as peças sem se trocar. O sistema do computador exibe a imagem de como ficaria a combinação dos produtos no corpo do consumidor, facilitando assim a sua decisão de compra.
Realidade
Mesmo sendo muito comuns em países com maior avanço tecnológico, no Brasil sistemas similares ainda engatinham. Regiane afirmou que, para os supermercadistas, pode demorar um pouco mais para ter todos os sistemas de interação com o consumidor, mas que fugir deles é algo que não pode acontecer. " Eles terão de se adaptar", enfatizou.
A necessidade de um tempo maior para que as redes varejistas do Brasil consigam inserir todas essas novidades é uma opinião compartilhada por Neide Aparecida Zanotto, gerente de tecnologia (TI) da rede Supermercado Elias, localizada na cidade de Jundiaí (SP). Neide comentou que ainda é cedo para dizer se esses sistemas serão realmente efetivos. "Eles são interessantes, mas ainda têm custo muito elevado", explicou. A gerente de TI disse que dentro da rede em que atua, o comércio eletrônico (e-commerce) é uma das tecnologias que têm aumentado o percentual de vendas. "Fomos os pioneiros em inserir as compras pela Internet. Os resultados têm sido bem positivos", afirmou. Atualmente, a rede da família Elias de Almeida tem três operações e eles dizem estar satisfeitos com a região em que operam seu negócio.
Algo que também deve ser levado em consideração é que enquanto esses equipamentos supertecnológicos ainda não estão efetivamente implantados no País, os smartphones já estão nas mãos de boa parcela da população. "O consumidor tem essa grande arma nas mãos. Com o celular eles conseguem pesquisar, reclamar e até fazer propaganda gratuita. Então ter um site ou sistema de interação por meio do celular é fundamental neste momento", enfatizou Regiane.
Variação de preço é analisada pelas entidades
No setor supermercadista, a proximidade do final do ano faz com que as empresas comecem a prestar mais atenção na questão da variação dos preços e o impacto disso para o bolso do consumidor. De acordo com o Departamento de Economia da Associação Paulista de Supermercados (Apas), os preços de produtos como o pescado, por exemplo, caíram no mês passado em função do baixo consumo, o que ocasionou uma maior disponibilidade desses produtos no mercado.
No entanto, este cenário deverá apresentar mudanças. A expectativa para setembro é de que haja um aumento das vendas dos produtos desta categoria, motivado também pela campanha do Ministério da Pesca e Aquicultura: "Pescado dá água na boca e faz bem para a saúde", que visa a incentivar o consumo do peixe na alimentação do brasileiro.
A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e a Apas apoiam a iniciativa do ministério. "Precisamos promover hábitos saudáveis na população, para melhorar a qualidade de vida das pessoas e reduzir muitas doenças no futuro", destaca o presidente da Apas, João Galassi. Ele estima que os preços não devem subir nos próximos meses. "Com a estabilidade de preços, abre-se uma boa oportunidade para que aumente o consumo de pescado", ressalta.
Veículo: DCI