Em tempos em que os consumidores enfrentam uma redução no seu poder aquisitivo como consequência do aumento da inflação, a indústria alimentícia e os supermercados pelo lado do varejo precisam não apenas manter o ritmo de lançamentos de produtos com maior valor agregado como também conhecer as necessidades dos clientes e estabelecer laços com seus fornecedores. Por isso, o segmento avalia e analisa anualmente quais as marcas mais vendidas para detectar as mudanças neste mercado que se transforma constantemente.
Assim, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) divulgou, ontem, o 15º Estudo de Líderes de Vendas, realizado pela Nielsen. Foram analisadas sete categorias de consumo: alimentos, perecíveis, bebidas, bazar, eletroeletrônicos, limpeza doméstica e higiene e beleza. Estes grupos são compostos por 220 categorias de produtos industrializados que foram comercializados nos supermercados brasileiros no ano passado.
Na abertura do evento, Fernando Yamada, presidente da Abras, ressaltou a importância da divulgação do estudo. Para ele, "conhecer as marcas líderes é essencial para que nós supermercadistas possamos orientar nossas compras. Esse estudo e sua publicação nos apoia na escolha das marcas que vamos colocar em nossas lojas com destaque nas gôndolas. Hoje, construir uma marca não é fácil. E mais difícil é mantê-la na preferência dos consumidores".
Entre os destaques observados neste ano, há itens que assumiram a liderança pela primeira vez desde o início do ranking na categoria de alimentos como o Café com leite 3 Corações, cereal em barra Trio, chocolate Snickers, queijo minas frescal Tirolez. Entre os eletroeletrônicos estão aparelho de DVD Philco, Tablet Vavcit da LG e o sabonete líquido Lux, no grupo de higiene e limpeza.
O estudo também apresentou os produtos que conseguiram manter a liderança em algumas categorias há 15 anos, desde o início do ranking. Entre elas estão o molho refogado (Pomarola), cerveja (Skol), cereal matinal (Kellogg's), suco em pó (Tang), creme de leite (Nestlé), café em pó (Pilão), sabão e detergente em pó (Omo), massa instantânea (Nissin), leite com sabor (Toddynho) e bronzeador solar (Sundown), entre outros.
O levantamento avaliou 197 categorias de alto giro e 23 de eletroeletrônicos. Segundo o estudo, 12% das categorias estão concentradas em 50% do mercado.
Ano difícil – Durante o evento, Fábio Gomes, gerente de atendimento da Nielsen, lembrou que 2013 foi um ano difícil para o consumidor e para a indústria devido à alta de preços. Na sua avaliação, estas pressões continuarão a ser sentidas neste ano e a nova classe média está atenta e observa o comportamento da economia. Diante deste quadro, o estudo indicou que os consumidores da nova classe média não pretendem abrir mão das marcas que oferecem maior valor agregado e, para mantê-las em sua cesta de consumo, procuram mais canais de compra onde podem encontrar ofertas e promoções vantajosas.
Em razão deste comportamento, Gomes lembrou que o estudo apontou que a indústria não deve abrir mão de continuar no mesmo ritmo de lançamentos de produtos pois eles são uma estratégia para se obter ganhos de mercado. Por isso, o total de novos itens deverá se manter, em especial no grupo denominado high price (preço alto), ou seja, os mais caros e de maior valor agregado. Ele também apresentou os grupos de produtos mais impactados pelo aumento da inflação no ano passado e que registraram quedas nas vendas em razão do endividamento dos consumidores. Entre eles destacam-se alimentos (17%), bebidas não alcoólicas (16%), limpeza (13%), higiene e beleza (8%) e cervejas (15%).
Veículo: Diário do Comércio - SP