O setor supermercadista precisa se aliar à indústria para oferecer aos consumidores alternativas de produtos e preços, especialmente neste momento de inflação elevada nos alimentos, o que afeta o poder de compra do brasileiro. Este foi um dos principais temas debatidos na abertura da convenção da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), iniciada ontem em Atibaia, no interior paulista. A perspectiva de crescimento para o setor neste ano é de 1,9%, abaixo da previsão de avanço de 3% divulgada no começo do primeiro semestre. A expectativa de faturamento dos supermercados neste ano é de R$ 300 bilhões.
Para elevar novamente o volume de vendas, os supermercados estão estreitando as negociações com as indústrias com a criação de ofertas especiais no ponto de venda. Os empresários do setor acreditam que esta medida é a mais prática a ser adotada em momentos de pressão inflacionária. Na opinião de Olegário C. de Araújo, diretor de Atendimento da Nielsen, empresa especializada em análises de dados, as indústrias estão intensificando as ações nos pontos de venda para divulgar produtos com maior valor agregado.
Para Christine Pereira, diretora de Expert Solutions da consultoria Kantar World Pannel, os fabricantes que passaram a oferecer produtos com maior valor agregado, como os iogurtes gregos e bebidas saudáveis, são os que conquistarão melhores resultados. “Não dá mais para oferecer apenas o tradicional leve três e pague dois”, acrescentou.
Perspectivas – Fernando Yamada, presidente da Abras, disse na abertura do evento que o resultado aquém do esperado pelo setor é reflexo do Produto Interno Bruto (PIB) fraco. “O PIB terá somente um ligeiro aumento de 0,48%, o que nos afeta. O Brasil ainda cresce porque a massa salarial deve avançar de 3,4% a 3,6%”, disse Yamada. Ele ainda citou um estudo da Abras que estima o PIB brasileiro de 2015 em 1,1%, baseado no relatórios do Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Boletim Focus.
Christine Pereira lembrou que o volume médio comercializado registrou aumento de apenas 0,5% no primeiro semestre, considerado o mais baixo dos últimos cinco anos. Esse desempenho é reflexo da postura mais cautelosa da população, que passou a diminuir as visitas aos supermercados e, consequentemente, priorizar os estabelecimentos que oferecem ao mesmo tempo preços mais compensadores e conveniência.
O estudo da Kantar mostra que esta tendência se acentuou agora, mas nos últimos cinco anos os lares reduziram, em média, sete visitas aos pontos de venda, o que equivale a mais de 350 milhões de visitas a menos no período.
Veículo: Diário do Comércio - SP