Supermercado médio vive fase de ajuste

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Atacarejos, como Assaí e Atacadão, e minimercados são os que mais crescem; grandes redes fecham lojas tradicionais



Loja pequena, de até 300 m², de 'conveniência', tem menos problema e vive boom, dizem consultores

Com os brasileiros gastando mais nos mercados tipo "atacarejo", que vendem tanto para consumidores finais quanto para pequenos varejistas, lojas médias das principais redes se ajustam em busca de rentabilidade.

De janeiro a setembro de 2011, as famílias gastaram 33% mais nos "atacarejos" que no mesmo período de 2010, segundo dados da consultoria Kantar Worldpanel.

Essas lojas -como as da bandeira Assaí (do Pão de Açúcar), Maxxi (do Walmart) e Atacadão (Carrefour)-, que têm 5.000 m² de área de venda, em média, acabam roubando clientela de mercados "de bairro", de 600 m² (entre metade e um terço de um supermercado convencional).

"A concorrência acirrada ocorre nas grandes cidades", diz Guilherme Tiezzi, professor de canais de distribuição e marketing do Insper e consultor. "A proposta das lojas de 600 m² acaba sendo uma versão menor de um supermercado, mas sem condição de concorrer com ele."

A escolha do endereço das lojas de bairro é fundamental. O Walmart fechou 12 da bandeira Todo Dia (de 600 m²) -7% do total- em SP por desempenho ruim provocado por má localização.

Mas a varejista informa que foram "casos pontuais" e que vai continuar a expansão do formato neste ano. Em 2011, das 70 lojas de todas as bandeiras da rede inauguradas, 49 foram Todo Dia.

MAIS FUNCIONÁRIOS

O professor do Insper diz também que os custos fixos, principalmente com funcionários e aluguel, pesam muito no desempenho desse tipo de mercado, considerando o tamanho e o potencial de vendas do estabelecimento.

De acordo com Tiezzi, uma loja de 600 m² de uma grande rede tem de 35 a 40 empregados, enquanto uma loja em outro formato, de até 250 m², tem de 8 a 12 trabalhadores.

"Além de ter custo mais baixo, as lojas menores se diferenciam melhor de supermercados. São mercadinhos de conveniência, para pequenas compras e com alguns serviços [como padaria]."

De olho nesse nicho, o Pão de Açúcar converteu, no final de 2011, 19 das 66 lojas Extra Fácil em Extra Minimercado (de cerca de 300 m²) -o restante será transformado em até quatro meses- e abriu mais cinco unidades.

"O cliente utiliza cinco a seis tipos de lojas para se abastecer. Queremos oferecer várias possibilidades", diz José Roberto Tambasco, vice-presidente-executivo de varejo do grupo.

Maurício Morgado, coordenador do Master em varejo da FGV-SP, diz que há demanda para os vários canais de venda, inclusive os médios.

"Os ajustes necessários são mesmo feitos aos poucos", afirma.

"Com o aumento da concorrência, principalmente nas grandes cidades, cada vez mais as lojas de rede, que também concorrem com o varejo local, precisam de uma proposta clara e comunicar bem ao cliente qual é o foco", diz Fatima Merlin, diretora de varejo da Kantar Worldpanel.

"O consumidor precisa ir à loja sabendo exatamente o que vai encontrar."

Redes menores apostam em marca própria

DE SÃO PAULO

Lojas médias de redes, como Dia (bandeira Dia%) -que pertence aos mesmos acionistas do Carrefour, mas se tornou uma empresa independente em meados de 2011- e Econ Supermercados, têm tido bom desempenho.

Esses mercados apostam em marcas próprias, até 40% mais baratas que as convencionais, e em redução de custos, com estabelecimentos mais simples e menos funcionários.

Com 450 lojas -a maioria no Estado de SP e algumas recém-abertas em Porto Alegre (RS)-, o Dia tem 800 itens de marca própria e vai lançar, ainda neste mês, a primeira marca exclusiva da rede: a Biopure, de perfumaria.

Além disso, as unidades do mercado, com 550 m² a 900 m², possuem, em média, 15 funcionários -total próximo ao existente em lojas pequenas (de até 250 m²) de grandes redes.

Já as 46 lojas do Econ têm 500 m² de área, em média, e estão concentradas na cidade de São Paulo (uma fica em Osasco), principalmente na região central.

A rede, que também vende marcas próprias, tem uma grande demanda do que chama de "consumidor de passagem", que faz as compras na volta do trabalho, por exemplo.


Veículo: Folha de S.Paulo


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