Lars Olofsson, que falhou na tentativa de recuperar a rede varejista, será substituído
O Carrefour nomeou Georges Plassat, ex-diretor executivo do grupo de confecções Vivarte como seu novo presidente, encerrando o mandato de três anos de Lars Olofsson, período em que a segunda maior varejista do mundo viu suas ações caírem 24%.
O conselho de administração da rede varejista aprovou, numa reunião no domingo, a indicação de Plassat. Ele assumirá no dia dois de abril o cargo de diretor de operações e, após assembleia dos acionistas, em 18 de junho, os cargos de presidente executivo e presidente do conselho de administração.
Plassat tentará restaurar a confiança do investidor numa companhia cujos lucros foram previstos para baixo cinco vezes desde que anunciou um plano de 1,5 bilhão (US$ 2 bilhões) para reformar algumas das suas maiores lojas na Europa, em setembro de 2010. O Carrefour perdeu cerca de 7 bilhões em valor de mercado desde que Olofsson foi nomeado presidente, em janeiro de 2009.
"Essa indicação é positiva para o Carrefour, mas muito coisa resta a ser feita para o grupo dar uma reviravolta", escreveu em nota Arnaud Joly, analista da CA Cheuvreux.
Os lucros despencaram em meio a uma forte queda nas vendas no seu mercado doméstico, a França. O plano de Olofsson para reduzir preços e reformar suas maiores lojas não conseguiu atrair os consumidores e não resolveu a demanda por lojas de conveniência e mais próximas, segundo Natalie Berg, diretora de pesquisa global na empresa Planet Retail, de Londres.
"Em vez de direcionar capital para reformar suas lojas, o dinheiro poderia ser gasto de modo mais prudente, adotando a ideia de múltiplos canais, como o sistema "click & collect" (a compra é feita online e o cliente vai buscar no local em que determinar), quiosques dentro das lojas e comércio eletrônico.
Retorno. Plassat volta para o Carrefour depois de ficar 11 anos na Vivarte, a proprietária da marca de moda Kookai, com sede em Paris, que foi adquirida pelo fundo de private equity Charterhouse Capital Partners, em 2007. Ex-presidente da operadora de supermercados francesa Casino, ele dirigiu a operação espanhola do Carrefour entre 1997 e 1999.
O Carrefour informou no dia 19 de janeiro que o lucro foi o mais baixo de sua faixa prevista por causa da queda das vendas nas mesmas lojas na maioria dos países da Europa e da Ásia, incluindo a China. As condições macroeconômicas provavelmente continuarão difíceis e incertas, disse a companhia na época.
Plassat "está bastante consciente da magnitude da tarefa que tem pela frente, que exigirá o apoio de todos na companhia", disse o Carrefour.
O Groupe Arnault e o Colony Capital, proprietários de uma parcela conjunta de 16,02% das ações e de 22,14% dos direitos de voto do Carrefour, já estudavam a possibilidade de substituir Olofsson, informaram pessoas a par da questão em novembro.
O sueco Olofsson, de 60 anos, disse que tentou fazer "coisas demais depressa demais", ao apostar que um novo formato com preços mais baixos e mais produtos da sua própria marca permitiria aumentar as vendas e os lucros até 2015. Numa revisão do seu projeto, o Carrefour disse em agosto que intensificaria a expansão de lojas menores, se concentraria em investimentos seletivos em preço e aumentaria o número de itens da própria marca. A companhia também disse que iria reduzir os gastos na Grécia e na Itália.
Embora Olofsson tenha criado uma subsidiária da Distribuidora Internacional de Alimentación na Bolsa de Madri, em julho, engavetou o plano de listar 25% dos ativos imobiliários do Carrefour na Europa, por causa da oposição dos investidores, dos sindicatos e de brigas na administração. O CEO também conduziu uma proposta de fusão fracassada da unidade brasileira do Carrefour, cujo valor foi depreciado em 550 milhões em 2010, com o Grupo Pão de Açúcar, que tem como sócio o Casino.
Em outubro, a Knight Vinke Asset Management, proprietária de cerca de 1,5% do Carrefour, pediu à companhia para tirar Olofsson da presidência do conselho (que ele acumulava com a presidência executiva), alegando "graves problemas de gestão". Numa carta aberta aos acionistas do Carrefour, aos empregados e ao conselho de administração, a Knight Vinke também recomendou ao conselho que não chamasse uma pessoa de fora para o comando, pois o Carrefour tinha candidatos qualificados entre os funcionários.
Os representantes da Comissão do Trabalho europeia no Carrefour rejeitaram a proposta, afirmando que essa decisão visava o desmantelamento do grupo varejista.
Veículo: O Estado de S.Paulo