A rede DB Supermercados tem sido sondada por redes varejistas nos últimos meses, e o Grupo Pão de Açúcar (GPA) chegou a se aproximar do comando da rede para avaliar a hipótese de fazer uma oferta pela companhia. Maior rede de supermercados de Manaus, a varejista do Amazonas tem 20 lojas na região Norte e disputa o mercado local com a rede Carrefour.
Segundo pessoas próximas às redes varejistas, o DB tem sido alvo de sondagens de grandes cadeias de supermercados há alguns anos, mas a empresa não teria interesse de se desfazer da operação. Mas desde o ano passado teria crescido o interesse da família Pedrosa, que controla a rede DB, de sair do negócio. Por isso as empresas se aproximaram para uma negociação.
Fundada pelo empresário Sidney Pedrosa, o DB Supermercados nega que esteja à venda. A companhia informa que há rumores a respeito do futuro da rede há alguns anos, mas a companhia tem projetos de crescimento com o atual grupo de controladores. O Grupo Pão de Açúcar não se manifestou sobre a informação.
Conforme o Valor apurou, os controladores da DB estariam pedindo um valor considerado alto demais pelo mercado. E isso inviabilizaria um avanço nas negociações com a rede.
Há uma importância estratégica numa eventual aquisição do GPA de redes no Norte do país. Maior cadeia varejista do Brasil, o GPA não opera na região, que tem crescido de forma acelerada nos últimos anos. A taxa média de crescimento do varejo alimentar no Norte e Nordeste tem sido, pelo menos, o dobro da taxa de expansão do varejo no Sudeste, segundo relato de fontes ligadas a grandes supermercadistas como Walmart e Carrefour.
O Valor apurou ainda que desagrada ao Carrefour a entrada do Pão de Açúcar na região Norte. A direção do Carrefour em Manaus já teria conversado sobre o assunto com o comando da DB.
De acordo com fontes próximas às cadeias de varejo, o faturamento do DB está na faixa dos R$ 200 milhões ao ano. Das 20 lojas, 19 estão em Manaus e uma está localizada em Boa Vista (RR). A operação conta hoje com 11 supermercados e 9 hipermercados. Nos últimos anos, o crescimento orgânico da rede tem sido discreto. Há quatro anos a empresa somava 16 pontos de vendas, apenas cinco a menos do número registrado hoje.
Apesar dessa expansão tímida, em comparação a outras redes de mesmo porte, o negócio é considerado interessante - não apenas pela questão da importância geográfica - mas também pela boa gestão da operação. "As lojas são muito boas, têm variedade de produtos e eles trabalham bem os pontos e os preços", conta um fornecedor regional, com operação em Manaus.
Nos últimos meses, há expectativas maiores de que novas aquisições no setor supermercadista ganhem força no mercado novamente. A análise que tem sido feita pelos especialistas é que não se trata de um interesse maior em novos ativos. As grandes líderes desse mercado sempre estão atentas a oportunidades de compra. A questão é que, parte do processo de ajustes nas grandes redes Carrefour e Walmart, que passaram por reestruturações por razões diferentes, já foi feito e isso abre espaço para que as empresas olhem com uma atenção maior a compra de novos ativos.
"Todo mundo diz que está sempre olhando tudo. Mas fica mais difícil comprar algo novo, e integrar uma negócio do zero, quando já se está reorganizando a casa", diz Antonio Coriolano, da RetailConsulting.
Veículo: Valor Econômico