A Máquina de Vendas fechou ontem acordo para aquisição do controle da rede Salfer, varejista localizada no sul do país com cerca de R$ 700 milhões de receita bruta - o que tornará a Máquina de Vendas na maior cadeia de varejo eletroeletrônico no Brasil em número de pontos - 1.078, acima das 944 unidades da Viavarejo, formada da união de Ponto Frio e Casas Bahia. Em receita bruta anual, após a aquisição, a companhia deve se manter na terceira colocação do ranking de 2012, atrás de Viavarejo e Magazine Luiza, com base nos resultados estimados para o ano.
O grupo de varejo, formado em 2010 pela união das redes Insinuante e Ricardo Eletro, espera atingir faturamento de R$ 9 bilhões neste ano (já incluindo o valor anualizado da Salfer), versus R$ 7,2 bilhões apurados em 2011. Pelos cálculos de analistas, o Magazine Luiza deve superar os R$ 9 bilhões (a Raymond James Financial Services calcula receita bruta de R$ 9,2 bilhões para o Magazine em 2012). A Viavarejo faturou R$ 24,2 bilhões em 2011.
Segundo a Máquina de Vendas, as conversas com a família Salfer (a rede é presidida por Clayton Salfer) se intensificaram nos últimos quatro meses. "Estudamos entrar no Sul há cerca de um ano", disse ontem Luiz Carlos Batista, presidente do conselho de administração da Máquina de Vendas. "Com o acordo, nós aumentamos em R$ 1 bilhão a nossa estimativa de faturamento para 2012, que era de R$ 8 bilhões. E ultrapassamos em 78 lojas o número de 1.000 pontos previstos para atingirmos em 2014", afirmou Batista, sócio de Ricardo Nunes, da Ricardo Eletro.
A Salfer tem 178 lojas nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Procurada, a empresa não se manifestou sobre o assunto. Pessoas próximas à família contam que o processo de consolidação do setor, em que ganhos de escala são necessários para manter a rentabilidade da operação, pesaram na decisão de buscar um sócio. A varejista esperava faturar R$ 900 milhões em 2011, mas não teria atingido essa meta - foram R$ 698 milhões em 2010. A previsão de alcançar 250 lojas em 2012 foi postergada no ano passado. "Acreditamos que podemos chegar a R$ 1 bilhão de vendas com a Salfer em 2012", diz Batista.
Como ocorre nos acordos fechados pela Máquina de Vendas, a empresa não informa os valores envolvidos na operação. O grupo cria uma subsidiária, chamada Máquina de Vendas Sul, que reúne a operação da rede Salfer, e a Máquina de Vendas Brasil S/A torna-se a controladora desse braço de negócio. A família Salfer, dona da rede, vendeu mais de 50% da varejista - geralmente, a Máquina de Vendas compra 51% das redes que controla, apurou o Valor. Com isso, a família se torna sócia de Batista e Nunes na operação do Sul.
No material a ser publicado hoje ao mercado, a empresa não fala em aquisição, mas em "parceria". Os donos da Salfer devem se manter no comando da rede varejista pelo período de dois anos, pelo menos - como acontece nos acordos da Máquina de Vendas. O mandato pode ser renovado. Além da Máquina de Vendas Sul, o grupo tem subsidiárias no Norte e Nordeste, que são administradas pelos donos dos negócios adquiridos em cada região.
Na nota ao mercado, a empresa informará que o acordo com a Salfer tem um valor simbólico para o grupo. A Máquina passa a atuar em todos os Estados, na cinco regiões do país. A Casas Bahia atua em 13 Estados e o Magazine Luiza, 16.
Em 2011, o Magazine Luiza registrou receita bruta de R$ 7,6 bilhões e a Máquina de Vendas, R$ 7,2 bilhões. Já a Viavarejo (Casas Bahia e Ponto Frio) somou R$ 24,2 bilhões em receita bruta em 2011. Mesmo com menos lojas hoje do que a Máquina de Vendas, a Viavarejo tem tamanho três vezes maior do que o da Máquina de Vendas.
O próximo passo da companhia será finalizar o processo de integração das redes do grupo. " Em seis meses, já devemos estar com tudo rodando de forma integrada", afirmou Batista. O empresário diz que está "acompanhando possíveis novas aquisições", mas neste momento, "não tem nada em discussão". Para a compra da Salfer, o grupo usou recursos do próprio caixa (em 2011, o HSBC pagou R$ 500 milhões para ser a financeira do grupo). A empresa ainda teria obtido uma linha de financiamento de R$ 500 milhões no HSBC em 2011. "Não precisamos de novas linhas agora", disse Batista.
Veículo: Valor Econômico