Operação, anunciada em 2010, criou a segunda maior rede varejista do País, atrás apenas do Grupo Pão de Açúcar
Em meio ao aquecimento das vendas de bens de consumo no Brasil, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou ontem a formação do segundo maior conglomerado varejista doméstico, a Máquina de Vendas. A holding foi criada em março de 2010 pela união das redes Ricardo Eletro e Insinuante. Três meses depois, o grupo adquiriu a City Lar, em julho do ano passado, incorporou ainda a Eletro Shopping.
A empresa não quis comentar a decisão do Cade, mas sua assessoria informou que o grupo está presente em 23 Estados, além do Distrito Federal, com 900 lojas em 301 cidades e 24 mil funcionários diretos. O faturamento previsto para este ano é de R$ 8 bilhões, perdendo apenas para o Grupo Pão de Açúcar.
Apesar da concentração acima de 20% em algumas cidades do Brasil, o que é considerado um limite para o Cade, o relator do caso, Carlos Ragazzo, avaliou que a operação é "pró-competitiva". Ele detectou que a atuação conjunta está mais focada no Nordeste, polo de recente crescimento econômico no País.
Ragazzo ponderou que a rivalidade entre as grandes redes é intensa e enfatizou que vem sendo grande a expansão nos últimos anos, mesmo em mercados com forte concorrência. "A alta da venda de bens duráveis tem estimulado a entrada em mercados ainda não explorados", comentou. "O que pode ocorrer no curto prazo é a existência de fortes e poucos agentes."
Pão de Açúcar. Mais do que a aprovação em si, o julgamento de ontem deve servir como parâmetro do Cade para as análises de fusões feitas pelo Pão de Açúcar - Casas Bahia e Ponto Frio -, prestes a serem avaliadas pelo órgão. O conselheiro Marcos Veríssimo, que é relator dos processos envolvendo a rede de supermercados, salientou que o setor conta com pouca informação disponível e comentou que o modelo de "lojas especializadas" é típico brasileiro, não podendo ser espelhado em outros tipos de negócio similares no mundo.
As "lojas especializadas" são as que oferecem pelo menos três grupos de produtos em uma cesta padrão de quatro: linha branca, linha marrom, móveis e telefonia. "É um setor que vem se concentrando e pode ter escala ainda maior do que aquelas que já apareceram até agora, então é importante ter um caminho de análise consistente", disse Veríssimo.
Veículo: O Estado de S.Paulo