Conselheiros indicados por Abilio Diniz e pelos franceses do Casino debateram um plano de retenção de executivos do grupo na última segunda-feira e o assunto deve voltar à mesa de discussão. O Casino quer manter o "management" da companhia à frente do grupo.
O Valor apurou que o plano de retenção apresentado pelo Casino, aos executivos que compõem a diretoria executiva (Direx) da companhia - são 14 vice-presidentes - permite receber até três salários anuais a mais ao ano, caso consigam bater determinadas metas. O benefício pode se estender a 40 diretores da companhia (há cerca de 50 diretores no GPA), que teriam também os três salários extras. Esses diretores seriam definidos por Enéas Pestana, presidente do GPA.
O assunto entrou em pauta a pedido do Casino dias atrás, após a companhia solicitar, para esta segunda-feira, uma reunião extraordinária do conselho, quando informou os temas da pauta. Na manhã de segunda, o assunto do plano de retenção foi debatido no Comitê de Recursos Humanos e depois foi analisado na reunião dos conselheiros. Nesta ocasião, os dois conselheiros indicados por Abilio e o próprio reforçaram que a empresa já tem uma política para reter executivos, como os planos de "stock options". E seria necessário avaliar os custos de novas medidas de retenção. Sugiram rumores no mercado - o site da revista "Veja" publicou informação - de que Abilio teria sido contra esse plano do sócio, algo negado por ele aos mais próximos. O Casino não comentou a questão.
Fontes que estiveram na reunião comentam que as conversas entre os conselheiros favoráveis a Abilio e ao Casino foram tensas e a reunião foi longa, tomando boa parte da tarde de segunda-feira. O Casino defendeu que seria preciso criar um novo plano para reter os executivos porque concorrentes do grupo Pão de Açúcar estariam assediando executivos da empresa. E para o Casino seria preciso agir antes.
Abilio, por sua vez, rebateu dizendo que a empresa ja teria pacotes de retenção agressivos em relação ao mercado. Abilio, sua mulher Geyse e Pedro Paulo Diniz se posicionaram contra o plano. Um conselheiro independente foi a favor.
Segundo Valor apurou, o pacote de retenção só será válido para quem ficar na companhia por mais de anos a partir da aprovação do plano, de acordo com a proposta do Casino.
Abilio, em nota, disse que lamentava "profundamente o vazamento de informações sigilosas sobre as reuniões do conselho de administração e do comitê de Recursos Humanos e Remuneração do Grupo Pão de Açúcar realizadas ontem. Tal prática, que ultimamente tem se tornado frequente, viola as normas aplicáveis, as regras de governança da companhia e a deliberação expressa do próprio Conselho de Administração". Continua: "Diferentemente do que foi publicado, esclareço que os meus questionamentos, de meus representantes e do representante dos acionistas minoritários foram feitos para o melhor interesse da companhia e dentro do fórum apropriado. Na qualidade de conselheiros e acionistas do Grupo Pão de Açúcar, temos o dever de questionar e avaliar os critérios, os custos e os processos de implementação do Plano de Retenção proposto". Informou que notificou "os membros do conselho de administração e a companhia para as providências devidas".
Veículo: Valor Econômico