O processo de integração das operações do Walmart no Brasil - que até 2010 não havia iniciado a união de empresas adquiridas no país - deve levar ainda cerca de um ano e meio, a metade do prazo total de três para o projeto. As informações foram apresentadas ontem pelo comando do grupo nos Estados Unidos e comentadas pelo presidente da rede no Brasil, Marcos Samaha. Esse processo começou em 2011 e deve terminar no fim do ano que vem. No momento atual, a maior varejista do mundo (terceira maior do Brasil) começa a tocar um projeto piloto de conversão dos sistemas de operação das lojas. Esses sistemas reúnem informações de vendas nos pontos, entrada e saída de itens, nível de estoques, entre outros. São 534 lojas do grupo no país.
Quatro lojas devem fazer parte desse projeto piloto de mudança de sistema - uma das fases mais delicadas num processo de integração no varejo. Entre as quatro, três já foram convertidas. "Teremos que fazer ajustes. Mas até 2014, todas as lojas estarão operando no mesmo sistema", disse Samaha em entrevista ao Valor.
Depois do executivo Vicente Trius, que fechou as aquisições de Sonae e Bompreço (não integradas quando ele saiu do cargo, em 2008), e Hector Nunez, que esteve na subsidiária local por dois anos, Samaha entrou na empresa ao fim de 2010 para fazer o que ninguém havia feito até então. Ele foi promovido após a saída de Nunez com a tarefa de unir as estruturas das operações descentralizadas e implantar no Brasil o modelo comercial "preço baixo todo dia".
Essa política de preços também foi mencionada ontem pelo comando da rede, na apresentação do planejamento estratégico do Walmart no mundo para os próximos anos. O modelo é o maior projeto do grupo americano para o mercado brasileiro. "Estamos em transição no Brasil", disse Doug McMillon, presidente do Walmart International, no evento para investidores. "O 'preço baixo todo dia' avança bem. E a integração [dos negócios] ainda não aconteceu totalmente. O Brasil é complexo, há diferentes taxas que variam de região para região e há outras questões no mercado. O que queremos é simplificar as coisas, tornar a operação mais simples."
Nesse formato comercial, a empresa deixa de trabalhar com promoções pontuais e passa a ofertar mercadorias com preços estáveis, que mudam pouco. "Noventa por cento de nossos fornecedores já operam dentro do formato 'preço baixo todo dia'. Agora faltam fornecedores menores, alguns regionais. Já estamos com tudo rodando", disse Samaha.
O assunto, inclusive, foi tópico no material apresentado aos investidores nos Estados Unidos. Nele, a companhia mostra a operação do Walmart Brasil na forma como estava e para onde está indo. E cita que a filial estava, por exemplo, com uma "execução inconsistente" e partiu para uma "execução disciplinada". E saiu de um "processo em que falta maturidade" para a "aplicação de melhores práticas". Em 2011, o comando do Walmart já havia comentado que espera evolução na operação do Brasil, em termos de resultados financeiros mais consistentes.
O pano de fundo dessas mudanças está no que Samaha chama de um "novo modelo de negócios" no país. "Eliminamos ineficiências que ainda existiam, reduzimos rupturas, revisamos determinadas despesas. Mudamos para conseguir ficar mais simples".
Ainda ontem, o grupo informou que planeja investimentos (capex) no mundo no valor de US$ 12 bilhões a US$ 13 bilhões no exercício fiscal de 2014, que se inicia em 1º de fevereiro do ano que vem.
A companhia não fez previsões para Brasil. Para o ano fiscal de 2013 (que vai até 31 de janeiro), a estimativa é de um investimento global de US$ 12,6 bilhões a US$ 13,5 bilhões. Além disso, informou que investirá US$ 6 bilhões em estratégias de preços até 2017. Em relação as previsões de vendas, a empresa espera alta de 5% a 7% nas vendas no ano fiscal de 2014 no mundo, o que leva a um aumento de US$ 23 bilhões a US$ 33 bilhões nos resultados no ano. Globalmente, a rede vendeu US$ 444 bilhões no ano fiscal de 2012.
Veículo: Valor Econômico