Em meio a um processo de reestruturação iniciado há dois anos, rede diz que vai investir em hipermercados, no Atacadão e em lojas menores
O Grupo Carrefour encerrou ontem sua operação de comércio eletrônico no Brasil. Desde a manhã de ontem, quem acessou o site www.carrefour.com.br encontrou uma mensagem dizendo que a suspensão faz parte de um processo de reestruturação da companhia, iniciado há mais de dois anos. A decisão acontece às vésperas do Natal, o período de vendas mais movimentado do ano.
Ao todo, 40 pessoas do site foram demitidas. A empresa não concedeu entrevista e informou apenas que continuará investindo em seu negócio de hipermercados, na rede popular Atacadão, no Carrefour Soluções Financeiras, empresa que fornece crédito e seguros, e nas lojas menores, no formato "bairro".
No mercado, a decisão da rede varejista foi recebida com surpresa. "É embaraçoso com os consumidores e um contrassenso do ponto de vista de negócios", diz Pedro Waengertner, coordenador do Núcleo de Estudos e Negócios em marketing digital da ESPM. "Todo o varejo está seguindo o caminho de se digitalizar." Nesta semana, a gigante americana Amazon começou a operar no País.
Segundo pesquisa da empresa de informações do comércio eletrônico e-bit, até o fim de 2012, o mercado brasileiro de vendas online deve atingir R$ 22,5 bilhões, um crescimento de 20% em relação ao ano anterior.
Mudanças. O Carrefour tem passado por uma série de mudanças desde uma má sucedida tentativa de fusão da operação local com o concorrente Pão de Açúcar, em meados do ano passado. No primeiro semestre, Georges Plassat assumiu como presidente mundial no lugar do sueco Lars Olofsson, executivo que havia negociado a fusão e que, um ano antes, também manteve conversas com o rival Walmart.
No comando, Plassat tem adotado a estratégia de enxugar a operação. A rede já se desfez da participação que detinha em supermercados na Grécia, fechou suas lojas em Cingapura e vendeu seus negócios na Malásia, Indonésia, e Colômbia, levantando cerca de 2,8 bilhões com essas operações.
Outra alternativa da varejista para se capitalizar é vender parte da operação brasileira, por meio da oferta pública de ações do Atacadão. Segundo apurou o Estado, o IPO deve sair e depende apenas dos humores do mercado. Hoje, a rede de "atacarejo" representa a maior parte do lucro da cadeia francesa no Brasil.
A operação no País, que é o segundo maior mercado do Carrefour no mundo, também passa por um processo de reestruturação sob o comando do executivo Luiz Fazzio. No terceiro trimestre, as vendas no Brasil cresceram 12,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Direitos de consumidores. O Carrefour comunicou em nota que "honrará com todas as entregas de produtos referentes às compras realizadas no site, bem como demais suportes que seus clientes venham a precisar." Ao mesmo tempo, a Fundação Procon-SP informou que enviará uma notificação à varejista pedindo que apresente as providências tomadas para garantir os direitos dos consumidores.
Veículo: O Estado de S.Paulo