Número de marcas de produtos de beleza e higiene pessoal da fabricante da Bozzano será reduzido de 60 para 34 em um ano
A Hypermarcas vai reduzir em 43% até o fim do próximo ano o número de marcas da divisão de consumo da companhia em relação às 60 que tinha no fim de 2011, conforme adiantou o 'Estado', em 24 de setembro. A empresa pretende encerrar 2013 com 34 marcas, segundo Nicolas Fischer, presidência da unidade de consumo da empresa.
"Teremos uma redução de 5% do faturamento, porém com um impacto positivo no Ebitda", afirmou o executivo ontem, em apresentação a investidores, referindo-se ao lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização. Fischer acrescentou que a estratégia de enxugamento vai gerar uma melhor previsão de vendas, maior foco comercial e redução do capital operacional.
Considerando o número de itens que a empresa vende atualmente (SKU's, na sigla em inglês), a Hypermarcas prevê uma redução de 40%, diminuindo o total de itens de 2.034 para 1.224. Entre as marcas que serão abolidas estão Miss York e Discreet (de absorventes femininos). "Metade dessa redução virá da diminuição das marcas e a outra, da melhoria do portfólio de produtos, como ocorreu com a linha de produtos dentais Sanifill."
As marcas que estão sendo descontinuadas, segundo ele, estavam "tirando valor" da Hypermarcas. "Algumas empresas adquiridas tinham marcas pequenas que não agregavam valor. Fizemos uma análise marca por marca, categoria por categoria, região por região para estabelecer essa estratégia", afirmou.
Aquisições.
Fundada em 2007 pelo empresário goiano João Alves Queiroz Filho - o Júnior -, a empresa viveu nos últimos anos um ciclo de aquisições que fez seu número de marcas de higiene pessoal e beleza chegar a mais de 100. Em toda sua história, foram 23 compras de outras empresas e marcas, que somaram R$ 8,4 bilhões.
A expansão da empresa coincide com o período em que o consumo brasileiro explodiu, graças ao ganho de renda da população. Na época, a Hypermarcas se empolgou e saiu às compras. Mas acabou perdendo o controle, dizem analistas de mercado.
Fischer é agora o encarregado de avaliar cada uma das marcas da companhia, decidir quais ficam, quais deixam de existir e que caminho as remanescentes vão seguir. "Venho de uma empresa que tinha uma marca só. Vivia sonhando com uma segunda, mas a matriz nunca deixava. Agora tenho um campo vasto para trabalhar", disse ele ao Estado, em setembro, referindo-se à Nivea Brasil, empresa que comandou por seis anos, antes de assumir a divisão de consumo da Hypermarcas, em janeiro.
A divisão de consumo foi o embrião da Hypermarcas, que antes se chamava Assolan. A Assolan iniciou suas atividades em 1996, com produtos que iam de temperos a lã de aço. Hoje, a divisão responde por menos da metade da receita da empresa. O segmento de medicamentos é responsável pela maior parte do faturamento. O primeiro passo da faxina liderada por Fischer foi dado no fim de 2011. Na época, a Hypermarcas precisava vender ativos para reduzir sua dívida. Para isso, algumas marcas tiveram de ser vendidas. A Flora, do grupo JBS, e Química Amparo compraram a linha de limpeza. A Bunge ficou com a parte de alimentos.
Veículo: O Estado de S.Paulo