Janeiro é a pior data para a atividade.
Depois de dezembro, época mais lucrativa do ano para o setor supermercadista, os estabelecimentos da capital mineira traçam estratégias para evitar retrações muito expressivas nos negócios em janeiro. Isso porque, no primeiro mês do exercício, além de a maioria dos consumidores estar com a maior parte da renda comprometida, muitas famílias deixam a Capital em decorrência das férias escolares. Em alguns casos, estima-se que o recuo, no período, chegue aos 20%, na comparação com os meses de fevereiro a outubro, quando costuma ser mantida a mesma média de vendas.
Como janeiro é sinônimo de férias e tempo livre para muitos trabalhadores, o Super Nosso, com 14 lojas espalhadas por diferentes regiões da Capital, amplia o número de estandes de degustação. Neles os clientes podem conhecer, com maior tranqüilidade, os principais lançamentos das indústrias de alimentos e bebidas. "Com isso, esperamos tornar a ida ao supermercado mais agradável", explica a gerente de Marketing, Adrianne Perez.
Outro diferencial que ajuda a atrair compradores são os restaurantes instalados dentro das lojas. "Janeiro é um período no qual muitos dão férias aos seus colaboradores e acabam fazendo as refeições fora de casa", complementa Adrianne Perez. Dessa maneira, a redução das vendas em janeiro, frente a um mês regular, é cerca de 10%.
O Supermercados Verde Mar, com seis lojas distribuídas entre diferentes regiões de Belo Horizonte, por sua vez, reduz o número de encomendas, sobretudo de produtos perecíveis, para não acumular prejuízos no primeiro mês do ano.
Segundo o diretor comercial, Alexandre Poni, o público da rede tradicionalmente deixa a cidade no período, o que dispensa a necessidade de delinear formas de aquecer os negócios. Na comparação com um mês comum, o recuo do faturamento é em média de 20%.
Planejamento - Já o supermercado 2B no bairro Prado, região Oeste de Belo Horizonte, tenta reduzir os preços de uma gama maior de produtos. As ofertas são anunciadas e distribuídas em um atrativo folheto, segundo o proprietário, Gilson de Deus Lopes. Atento às necessidades da clientela, ele observa que, no período, os itens de limpeza costumam ter um giro muito grande, o que demanda reforço nos estoques. "Muitas pessoas passam férias em sítios próximos a Belo Horizonte. Eles costumam permanecer fechados durante a maior parte do ano e, portanto, precisam de uma faxina reforçada", afirma.
Mesmo com o planejamento e as estratégias, o empresário admite que é difícil trazer o cliente para dentro da loja em janeiro. Assim, ele observa recuo de 8% no faturamento, sobre os demais meses do ano. Ele salienta, ainda, outra particularidade da época.
Segundo Lopes, trata-se de um período no qual parcela mais expressiva dos consumidores recorre ao cartão de crédito. "Percebo que o endividamento está avançando, o que faz com que as pessoas destinem o salário recebido naquele mês para antigos débitos", avalia. De qualquer maneira, ele demonstra confiança quando o assunto é o retorno da clientela, a partir de fevereiro.
Segundo o proprietário da Rede Horta, Gumercindo Horta, com cinco lojas na região Norte da Capital, o desempenho em janeiro deste ano é ainda pior em relação a anos anteriores. No confronto com o mesmo mês de 2012, a variação negativa nas vendas, até agora, é de 5%. A fim de minimizar os prejuízos, Horta já recorreu a diferentes ações. Entre elas, estão as promoções e a divulgação por meio de carros de som, que trafegam pelos bairros próximos aos estabelecimentos.
Veículo: Diário do Comércio - MG