Pão de Açúcar avalia condições para oferta primária de Via Varejo

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O Grupo Pão de Açúcar, controlador da Via Varejo, começou a fazer as primeiras análises para definir a viabilidade de uma oferta primária de ações da rede de eletroeletrônico, após a empresa ter sido informada que a família Klein quer vender 16,66% do capital total da Via Varejo numa oferta secundária, conforme antecipou no domingo o Valor Pro, serviço de informações em tempo real do Valor. O GPA precisa determinar, dentro das atuais condições de mercado, qual o perfil mais adequado dessa oferta de recursos para o caixa da Via Varejo - o volume da operação, faixa de preço e a parcela a ser subscrita para evitar diluição do grupo em Via Varejo.

O Valor apurou que o GPA pretende fazer uma oferta primária, de, no mínimo, o exigido no acordo. E ao subscrever as ações, o Pão de Açúcar manterá o controle de Via Varejo. Segundo uma das cláusulas do contrato, uma oferta primária deve ocorrer em paralelo a uma secundária, e numa soma de, no mínimo 10% do capital total da rede - cerca de R$ 700 milhões hoje.

Ontem, o Grupo Pão de Açúcar confirmou que Samuel Klein, Michael Klein e Eva Lea Klein informaram decisão dos sócios para realizar uma oferta pública de 53.781.298 ações de titularidade do Grupo Casas Bahia, representativas de aproximadamente 16% capital social de Via Varejo. O banco Bradesco BBI será o coordenador. Pão de Açúcar tem 30 dias para avaliar a notificação dos Klein.

Cálculos de bancos que já foram feitos ontem estimam valor de mercado da Via Varejo de R$ 8 bilhões a R$ 11 bilhões, ou R$ 24,70 a R$ 34 por ON. Bancos contratados pelos Klein consideram possível patamar de R$ 31 a pouco mais de R$ 37.

Com base nas informações da família Klein ao GPA, no valor de mercado da Via Varejo e nas condições do acordo de acionistas (que inclui colocação de lotes adicional e suplementar), as ofertas públicas de ações secundárias e primárias devem ser de, no mínimo, R$ 3 bilhões. A maior oferta recente de ações no varejo foi feita por Abilio Diniz, sócio de GPA, que se desfez de R$ 2,4 bilhões em preferenciais nos últimos meses.

Essa soma de R$ 3 bilhões considera o piso exigido de primárias pelo acordo de acionistas. Se atingir esse montante, será a maior oferta de ações do setor de varejo no país. São cerca de R$ 1,6 bilhão em uma oferta secundária ao se considerar uma ON em R$ 31 (piso das análises de bancos contratados pelos Klein), mais uma primária de 10% do capital da empresa (entre R$ 700 milhões e R$ 800 milhões), e lotes adicional (20%) e suplementar (15%), que somam R$ 600 milhões.

Análise do Santander calcula que o Pão de Açúcar precisaria investir entre R$ 420 milhões e R$ 600 milhões para evitar ser diluído na oferta primária. O grupo tem 52,4% das ONs de Via Varejo, os Klein, 47%; e 0,6% estão no mercado, nas mãos de fundos de investimento. Essa soma para evitar a diluição pode ser vista como um valor baixo a ser dispensado numa operação que permitirá a saída dos Klein do negócio. GPA e os Klein enfrentaram desgastes recentes - da condução do negócio à falta de acordo na definição de medidas do acordo com o Cade, órgão de defesa da concorrência.

A operação é o primeiro movimento de saída dos Klein da Via Varejo, controladora de Casas Bahia e Ponto Frio - que teria chegado a analisar a hipótese de adquirir o controle da empresa. Esse projeto não avançou - os Klein nunca apresentaram uma oferta formal aos controladores. O Valor apurou que os Klein devem continuar a vender sua participação no mercado no próximo ano. A família pode fazer uma oferta a cada seis meses, segundo o acordo, e a ideia seria fazer vendas em algumas tranches.

Analistas ouvidos ontem de bancos estrangeiros consideram que há demanda para uma oferta secundária e primária, apesar dos resultados, até então, pouco animadores do IPO de Magazine Luiza e B2W. Ambas perderam valor nos últimos meses. "Não são empresas comparáveis. Via Varejo tem escala e a administração está colocando a empresa nos trilhos", diz um analista. A fusão Ponto Frio e Casas Bahia foi aprovada pelo Cade, em abril, e a empresa vai colher uma série de ganhos de sinergia daqui para frente. Via Varejo somou receita líquida de R$ 26,1 bilhões em 2012, 7% acima de 2011 e equivalente a 55% das vendas totais das cinco maiores redes do setor.



Veículo: Valor Econômico


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