Amis mantém projeções de crescimento neste ano, com possibilidade, inclusive, de bater metas de expansão.
Apesar de uma certa cautela do consumidor, em virtude do endividamento, o setor supermercadista mineiro mantém boas expectativas para este ano, com crescimento da ordem de 4% em relação ao ano passado. No primeiro semestre, o faturamento aumentou 3,3%, mesmo com um resultado negativo em junho, de 2,4%, em relação a maio. No entanto, se comparado com o mesmo mês do ano passado, foi registrado um aumento de 4,4%.
"Vamos manter nossas projeções de crescimento, com possibilidade, inclusive, de bater as metas", anuncia o superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues. Mas, para segurar as vendas, ele acredita que os supermercados terão que lançar mão de promoções, "o que pode provocar queda na rentabilidade".
Para este ano, a Amis projeta faturamento do setor no Estado da ordem de R$ 14,4 bilhões. Os investimentos devem chegar a R$ 300 milhões, com abertura de 45 novas lojas e 58 reformas, e geração de 8 mil novos postos de trabalho.
Segundo Rodrigues, essa queda apurada em junho, na comparação com maio, não chega a assustar o setor, pois é um mês tradicionalmente mais fraco para os supermercados. Principalmente quando a base de comparação é maio, o mês em que se comemora o Dia das Mães. Nem mesmo as festas juninas conseguem compensar a diferença, considerando que os produtos típicos, como pipoca, canjica e amendoim, por exemplo, têm menor valor agregado.
Na avaliação de Rodrigues, embora a inflação esteja sendo apontada como um grande desestímulo às vendas, pelo menos no setor supermercadista esse não chega a ser o maior dos problemas. Primeiro porque, segundo ele, "as donas de casa são verdadeiras ministras da economia", o que significa que estão sempre em busca de ofertas e produtos de época, mais baratos.
Alimentos - Além disso, informou, pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que o preço de alimentos aumentou menos do que a inflação no período compreendido entre o início do Plano Real, em 1994, e junho deste ano. Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentou 333,5% no período, a variação dos preços de alimentos ficou em 294%, a de transportes subiu quase 700% e o de planos de saúde, 529%.
"O preço das frutas aumentou somente 15% desde o Plano Real", ressaltou Rodrigues, para quem o maior problema tem sido "a transferência de renda do setor produtivo para o especulativo". Em outras palavras, ele ressalta que nos últimos tempos tem caído o poder de compra do consumidor, uma vez que sua renda está comprometida com o pagamento de dívidas, com juros que chegam a 10% ao mês. " uma doença que corrói os ganhos da família", lamenta.
Mesmo assim, Rodrigues não acredita em recuo do consumidor, mas, sim, em uma atitude mais "cautelosa". "E como a indústria está precisando vender e o comércio está um pouco morno, a alternativa dos supermercados tem sido oferecer promoções".
"O consumidor está mais atento. E isso não é ruim", analisa Rodrigues. Para ele, esse comportamento é muito mais saudável para o mercado do que as compras "impetuosas", que colocam o consumidor endividados e pagando juros exorbitantes.
Lei Seca - Na avaliação de Rodrigues, um fator que tem contribuído para incrementar as vendas dos supermercados, especialmente de bebidas e carnes, é a Lei 11.705, popularmente conhecida como Lei Seca, que torna mais rígidas as regras do Código de Trânsito Brasileiro para o consumo de bebidas alcoólicas pelo motorista. "Essa lei tem ajudado bastante o setor de supermercados", observa.
No entanto, em junho, mesmo com a Lei Seca, todas as regiões do Estado apresentaram queda de faturamento, em relação a maio. A maior retração foi percebida na região Norte (5,77%), seguida pela Central (4,33%) e Triângulo Mineiro (3,88%). Logo depois vem a Zona da Mata, com recuo de 2,89%, Rio Doce, com queda de 2,71%; Centro-Oeste, com retração de 1,65%, e região Sul, com decréscimo de 0,53%.
Vendas devem ter melhora neste mês
São Paulo - Os varejistas apostam em alta de 6,6% nas vendas deste mês ante o mesmo período do ano passado, de acordo com o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV). Para agosto, há expectativa de alta de 9% e, em setembro, de 11,3%, também na comparação anual.
Os dados são do Índice Antecedente de Vendas (IAV-IDV), estudo realizado mensalmente com os associados do instituto. O resultado indica que o varejo acredita em recuperação após as vendas em junho terem caído pelas manifestações que ganharam força naquele mês. O IDV apurou que o faturamento em junho teve queda de 1% na comparação anual.
Considerando o critério de vendas mesmas lojas (estabelecimentos abertos há mais de um ano), a expectativa dos varejistas associados ao IDV é de alta de 0,8% em julho, de 3,1% em agosto e de 5,2% em setembro. Em junho, as vendas mesmas lojas caíram 6,4%.
O IDV destaca que o varejo de não duráveis foi o que mais apresentou queda nas vendas no mês passado. O faturamento no segmento diminuiu 4,6% em junho ante o mesmo mês de 2012. Apesar disso, a projeção é de elevação de 1,8% em julho, de 11,3% em agosto e de 14,7% em setembro.
O segmento de semiduráveis (calçados, vestuário, livrarias, artigos esportivos e outros) sofreu menor queda em junho: 0,4%. A estimativa de crescimento em julho é de de 8,7% e, para agosto e setembro, espera-se aumento de 8,6% e 9,3% respectivamente.
O único segmento que teve alta de vendas no mês passado foi o de bens duráveis: 3,9%. Para julho, estima-se alta de 12,2% e agosto e setembro têm projeção de crescimento de 8,1% e 11,1%, respectivamente.
Veículo: Diário do Comércio - MG