Segundo Agas, alta dos preços e menor renda da nova classe média causarão uma redução na receita das empresas
Expectativa é de que clientes farão gastos menores nas gôndolas
A combinação inflação mais elevada e famílias da chamada nova classe média com menos renda para gastar fará estragos na receita dos supermercados no Estado. A Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) reviu para baixo a meta de crescimento real no ano, de 6% para 4%, informou ontem o presidente da entidade, Antonio Cesa Longo. O dirigente justificou que o ajuste é decorrente da dificuldade que os consumidores estão tendo de absorver maiores altas de preços, verificadas no primeiro semestre. A saída será reduzir perdas com ineficiências, que representam 2% do faturamento. Medidas na área estarão em foco na Expoagas, em agosto, cuja programação foi lançada ontem em Porto Alegre.
A inflação de 12 meses até junho fechou em 6,7% no País, acima do limite do regime de metas que pauta a política econômica em vigor de 6,5% ao ano para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Na Capital gaúcha, o IPCA no mesmo período ficou em 6,03%. Além disso, a temporada de aumento da Selic, que chegou a 8,5% ao ano, também é vista como negativa para a atividade geral da economia. O Ministério da Fazenda admite taxas menores na geração de vagas e leve aumento do desemprego. Os ingredientes que asseguravam maiores gastos nos supers estão em baixa, concluiu Longo. O dirigente ilustrou que, entre 2011 e 2012, os tíquetes médios da despesa com gêneros mostravam transferência de 50% da inflação.
O presidente da associação observa menor capacidade agora de assimilar as correções, o que deve apontar gastos menores nas gôndolas. “As famílias nos ensinam como lidar com este momento”, traduz o dirigente. “Nos primeiros seis meses do ano, houve realinhamento de preços, e as pessoas estão com menos renda para gastar no supermercado”, contrasta Longo, cujo segmento soma 90 mil empregos diretos e receita anual de R$ 20 bilhões. Mesmo a diversificação de produtos, com ingresso de 12 mil novos itens (entre marcas e apresentações) não deve suprir eventual substituição para compensar as altas.
A saída para o setor, sustenta Longo, será contornar receita mais baixa com menos perdas entre desperdício de mercadorias e quebras (defeito, validade etc) e furtos nas lojas. Orientações e medidas para elevar a eficiência na gestão do negócio serão um dos atrativos da 32ª Convenção Gaúcha de Supermercados (Expoagas), que ocorre em 20, 21 e 22 de agosto, no Centro de Eventos da Fiergs. O presidente da Agas dimensionou que as ineficiências roubam 2% do faturamento bruto anual, ante uma margem líquida hoje do setor de 1,7%. A Expoagas deve movimentar R$ 330 milhões em negócios, 8,4% acima do saldo de 2012.
Em sua 32ª edição, a feira deverá atrair 38 mil visitantes do País e de pelo menos nove países. A expectativa é que cerca de 5 mil representantes de empresas visitem a feira, 80% ligados ao ramo de supermercados e o restante de indústrias e atacadistas.
A mostra terá 340 expositores, em 103 segmentos, mesmos números de 2012. Este ano terá uma área dedicada a soluções para descarte de lixo eletrônico. A intenção é preparar os estabelecimentos para o cumprimento da lei nacional de resíduos sólidos. A regulamentação federal deve entrar em vigor este ano, mas com obrigatoriedade para 2014. O modelo previsto na regra brasileira segue a responsabilidade compartilhada, pela qual os estabelecimentos terão de ter locais para receber eletroeletrônicos, linha branca e de informática vendidos, que depois serão transportados às indústrias para reciclagem. O consumidor terá de levar os bens sem uso até o varejo.
Veículo: Jornal do Comércio - RS