Quanto menor o tempo, maior a necessidade de encontrar tudo mais perto de casa ou do trabalho. E falando em supermercados,o pequeno varejo incomoda grandesredes, que seguem para dentro dos bairros. Esse segmento é responsável pela movimentação de R$ 34 bilhões. O motivo não é só a comodidade. “Os hábitos do consumidor também mudaram e o tempo de fazer estoque em casa já passou”, explica o gerente do Departamento de Economia e Pesquisa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Flávio Tayra.
“Antes, o consumidor comprava em grande quantidade, principalmente no período de hiperinflação. Mesmo depois da inflação controlada, esse hábito se manteve e os hipermercados cresceram. Nos últimos seis anos, isso vem mudando e as lojas de bairro voltaram a ser uma opção”, diz ele.
Tayra explica que mesmo com a inflação dando sinais de crescimento, os índices estão longe de assustar o consumidor a ponto de fazer estoques. Além disso, diz ele, os pequenos supermercados também se profissionalizaram, oferecem umbommix de produtos e estão aptos a atender às necessidades dos clientes. Tudo isso fez com que o desempenho de vendas venha apresentando percentuais acima da média do mercado.
“As taxas de vendas no pequeno varejo são maiores que as apresentadas pelas grandes. Em 2010, o mercado cresceu 6% e os pequenos chegaram a 8,2%. Em 2011, a média do supermercado foi de 1,8% enquanto os de menor porte cresceram 2,5%. E em 2012, os grandes tiveram taxa negativa de 0,6% enquanto os formatos menores cresceram 1,2%”, enumera o executivo.
Vendas tão favoráveis não poderiam ficar incólumes ao radar das grandes redes. E levam os players a repensar os formatos dos hipermercados. Tayra diz que alguns grandes supermercados acabam migrando para o conceito de ‘atacarejo’, outro segmento que vem crescendo em vendas e são opção de negócio para grandes formatos.
Alexandre Vasconcellos, presidente da GPA Malls & Properties, empresa do Grupo Pão de Açúcar responsável pela gestão de ativos imobiliários da empresa, lançou recentemente a marca Conviva, um conceito de shopping de vizinhança onde, além do supermercado, o cliente encontra um mix de lojas de produtos e serviços de conveniência. O Grupo já tem modelos de bairro como o Minimercado Extra, com 140 lojas em São Paulo.
“A primeira unidade foi aberta na Barra da Tijuca, no Rio, e em dezembro teremos mais um Conviva em operação.Para 2014, estamos fechando nosso planejamento,mas o conceito poderá modificar os padrões dos nossos hipermercados, por exemplo,que poderão ser adaptados para esse formato”, diz ele.
O Carrefour, também investem em lojas menores. A bandeira Carrefour Bairro,por exemplo, está presente em Minas Gerais, São Paulo e Distrito Federal.
Varejistas estão mais otimistas com vendas em 2013, diz estudo
O estudo Mercado de Vizinhança, produzido pela empresa de pesquisas GfK Brasil aponta que 77% dos pequenos varejistas do setor de supermercados no Brasil estão otimistas com o ano de 2013. Eles esperam que o ano termine ainda melhor em termos de vendas. As entrevistas foram feitas em 1.650 lojas de um a quatro check-outs, de 400 empresas.
Segundo o levantamento da GfK, as lojas com um check-out terão em 2013 faturamento médio de R$ 420 mil; já as com dois check- outs registrarão receita de R$ 1,4 milhão; aquelas com três check- outs registrarão a média de R$ 2,68 milhões. As lojas que possuem quatro check-outs alcançarão o patamar de R$ 4,23 milhões.
Outro dado da pesquisa mostra que a região Sudeste é a que concentra a maior parte das companhias familiares. Em relação à mão-de-obra, 36% das empresas empregam até nove funcionários, 61% trabalham com um efetivo entre 10 e 49 colaboradores e apenas 3% registram entre 50 e 99 pessoas. Em 63% das companhias há familiares empregados.
Em tempos de profissionalização, 71% dos entrevistados contam com algum tipo de sistema para o controle de estoque e 64% utilizam softwares para gestão financeira. A pesquisa mostra que supermercados com quatro check- outs e duas filiais, no interior de São Paulo, por exemplo, utilizam a solução de automação Enterprise Resource Planning (ERP) para administrar a movimentação das mercadorias e identificar eventuais falhas nos processos. Dentre as empresas que não possuem soluções, 56% pretendem implantar um sistema de gestão de estoque,39% querem uma ferramenta para a gestão financeira e 38% querem sistemas para o gerenciamento de produtos e categorias. Quase todos os respondentes do estudo possuem balança para pesar produtos (98%) e balcão refrigerado (97%). A presença dos leitores de código de barra nos check-outs registrou crescimento de 10 pontos percentuais e já está em 84% das lojas.
O mercado de vizinhança está merecendo mais atenção da indústria. Segundo o estudo, 87% dos entrevistados recebem visitas de promotores. As indústrias também têm aproveitado melhor o pequeno varejo para a divulgação de seus produtos. No entanto, ainda há no setor aqueles que recorrem ao atacado para abastecer sua loja.
Veículo: Brasil Econômico