Especialistas afirmam que a proposta envolve adotar espaços como showrooms de grande visibilidade para a indústria, com a meta de aproximar a marca dos consumidores.
São Paulo - O mercado premium tem recebido muitos aportes de redes de varejo para a criação de pontos de venda focados em experiência de compra. Pontofrio, Under Armour e o Shopping Cidade Jardim são exemplos dessa movimentação que ocorre no mercado nacional e sinalizam a tendência de a indústria ser o maior incentivador desses canais.
Na opinião do diretor da GS&AGR, consultoria da Gouvêa de Souza, Jean Paul Rebetez, essas iniciativas são o ultimato feito pelo varejista para firmar parcerias mais sólidas com os seus fornecedores. "Você quer estar com a gente, então nos ajude a pagar o aluguel", disse o especialista ao sinalizar que nessas lojas premium, mais que a venda, o interessante é mostrar a existência da sua marca perante o consumidor que tem poder de compra de alto valor agregado. "Esses espaços são showrooms de grande visibilidade à indústria. Logo, estar lá siginifica se aproximar do consumidor", diz Paul. Quem recentemente criou uma operação deste tipo para a indústria foi o Pontofrio. Administrada pela Via Varejo e pertencente ao Grupo Pão de Açúcar (GPA) a varejista de eletroeletrônicos criou a Premium Store Pontofrio.
Localizadas em regiões com consumidores de alto poder aquisitivo no mercado paulista - JK Shopping - e em Ipanema, no Rio de Janeiro, a operação é repleta de produtos aspiracionais. "Somos a primeira loja a expor uma televisão de tela plana de 105 polegadas no mercado brasileiro", afirmou o gerente de marketing da Via Varejo, André Gavioli.
O executivo que participou do Congresso Redesingn 2015, durante a Latam Retail Show, em São Paulo, afirmou também que esse é um modelo replicável para todo o mercado brasileiro e entre os seus diferenciais é justamente a experiência de compra. "As cores da loja [bronze e verde] e o projeto arquitetônico das duas lojas remetem ao aspiracional. Trabalhamos com cheiros som e com atendimento diferenciado de nossos colaboradores", disse Gavioli.
Segundo o executivo, foi contratada uma consultoria voltada ao mercado de luxo para treinar os colaboradores da Premium Store Pontofrio. "Além do treinamento convencional houve uma imersão nesse nicho para que os colaboradores entendessem sobre o setor e as suas necessidades", disse. E completou: "A loja é uma das medidas adotadas pela empresa em reposicionar e qualificar a marca Pontofrio". A loja premium é focada no off-line e a ligação com a internet fica mais voltada para os detalhes técnicos de cada produto expostos nas lojas físicas.
Esportes
Quem chegou para sacudir o varejo premium de artigos esportivos e se diferenciar por meio de um modelo de negócios em que produto é o protagonista em conjunto com o consumidor foi a norte-americana Under Armour. Segundo o diretor da rede no Brasil, Fernando Reani, a empresa ainda está aprendendo ser varejista, já que sua primeira atuação no mercado de consumo foi por meio de multimarcas. "Estamos entendendo o que é fazer varejo e nossa meta, até 2020 é ter mais de 1.300 lojas, sendo que 85% delas devem estar divididas em 50 países", disse.
No Brasil a marca desembarcou no ano passado e conta hoje com uma loja no shopping Morumbi, em São Paulo. "Lá tentamos trazer um pouco da loja que tem dado certo nos Estados Unidos", explicou. Lá fora a rede soma hoje 230 unidades, sendo que no Brasil a expectativa é fechar 2018 com três unidades em operação. "Vamos lançar nosso canal on-line agora em setembro, tornando a experiência de completa", discursa.
A meta da marca top de artigos esportivos é chegar em 2020 com US$ 10 bilhões de faturamento (mundialmente) e que o Brasil é mercado em potencial. "Aqui tem um potencial gigante para o mercado de running. Não ficaremos focados só nele, a nossa intenção é pegar o mercado premium de esporte, mas também chegar a outros consumidores", disse.
Mercado gourmet
Uma das iniciativas para tornar a operação ainda mais completa, com vistas em impactar e fidelizar o consumidor que parece dar resultado é o Food Hall, conceito que foi adotado pelo Shopping Cidade Jardim, em São Paulo. O local, considerado o reduto de luxo em São Paulo é da JFSH, e há um ano criou o espaço gourmet para suprir a necessidade de um supermercado em sua operação. "Tentamos agregar um supermercado ao shopping e não conseguimos. Decidimos então implantar o Food Hall mesmo sabendo que seria difícil no começo", como disse a diretora do Shopping Cidade Jardim, Ana Auriemo.
A executiva explicou que a comercialização dos espaços foi a etapa mais difícil na implementação do projeto. "Como a gente conseguiria vender espaços de dois metros quadrados com todos os custos que um shopping tem a esses empresários? A resposta veio com os resultados. Hoje as operações vendem, em média, R$ 50 mil ao mês nesse pequeno espaço que está aberto faz oito meses", enfatizou Ana.
Segundo a executiva, o modelo é replicável e a JFSH tem estudado implementar nos outros shoppings administrados pela incorporadora. (Flávia Milhassi)
Veículo: Jornal DCI