Os preços em supermercados subiram 3,55% em junho ante maio, divulgou a Associação Paulista de Supermercados (Apas). A alta em um mês é quase o total da inflação esperada para o ano em outros segmentos. No último relatório Focus, divulgado pelo Banco Central segunda-feira, a perspectiva é que o país feche o ano alta de 4,15% para o IPCA - Índice de Preços ao Consumidor Amplo.
Calculado pela Apas/Fipe, o Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela Apas/Fipe, seria um reflexo da greve dos caminhoneiros. Com este resultado, o acumulado, que apresentava deflação de 0,29%, em 2018, agora apresenta inflação de 3,25%, destaca a entidade em nota. Em junho 25 das subcategorias que compõem o IPS registraram aumento de preço. Em maio apenas oito apresentaram aumento.
“A Apas observou os preços no atacado durante os momentos mais graves da crise de abastecimento e percebeu uma variação significativa, principalmente, no preço por quilo do frango congelado, que do final de abril a meados de junho aumentou 69%. Este movimento de alta dos preços também ocorreu para boa parte dos hortifrutigranjeiros, outras proteínas, alguns industrializados, assim como dois itens mais queridos dos brasileiros: arroz e feijão”, explica o economista da Apas, Thiago Berka.
Leite e aves
Leite e aves foram os produtos que tiveram a maior alta, com 19% e 21%, respectivamente. O leite já acumula alta de 36% no ano. Já o setor de aves estavam com deflação de 14%, e com a alta agora tem inflação calculada de 4%.
“Quando juntamos aos aumentos do mês os ovos, que subiram 9%, carnes bovinas e suínas, que tiveram - cada uma - alta de mais de 7%, o arroz, elevação de 4%, e o feijão, aumento de 3,4%, percebemos um cenário bastante complicado para o consumidor que fez compras em junho”, avaliou o economista da APAS.
Apesar da alta repentina, a associação ainda espera que a inflação dos supermercados encerre 2018 com alta de até 4%. “Para que isso aconteça, confiamos que a tabela de fretes não será aprovada e que a safra brasileira será a segunda melhor da história”, comentou Thiago Berka, que mostrou sinais de otimismo para inflação mais controlada em julho.
“Nas primeiras semanas do mês de julho os preços no atacado começaram a melhorar, principalmente o frango e o leite. Os dois vilões de junho devem apresentar diminuição no ritmo de aumento de preços, o que fará com que o IPS não apresente uma inflação tão forte de novamente”, afirma.
Hortifrutigranjeiros
A linha de hortifruti voltou a subir em junho, com 3,92% de aumento. A batata liderou com mais de 13% de alta. Para a Apas, como o efeito de subida de preços foi praticamente observado em todas as categorias, desde frutas, legumes, verduras e até ovos, fica evidente que a correlação de elevação de preços e a greve.
“As dificuldades logísticas naturais dos hortifrutigranjeiros foram evidenciadas na greve de maio, entretanto, fica difícil apurar os efeitos do transporte bloqueado das rodovias com entressafras e quebras de safra”, explicou Berka.
A cebola continua como líder de aumento de preços devido as quebras fortes de safra e dólar alto. Porém, o cenário pode começar a mudar no segundo semestre já que em junho foi observada queda de 7% nos preços do produto, observa a associação.
Bebidas
As bebidas alcoólicas foram uma das duas categorias que apresentaram deflação em junho, com redução de 1,63%. O que ajudou a manter esse índice para baixo foi a cerveja, que no acumulado do ano já caiu 2,38%.
“Por ser um chamariz de vendas e a estrela em mês de Copa do Mundo e festas juninas, as bebidas alcoólicas são uma categoria com muitas promoções para atrair fluxo de pessoas. Isso explica um pouco a deflação neste segmento”, avaliou o economista da Apas.
Nas bebidas não alcoólicas houve aumento de 0,59%, mas, no acumulado do ano, permanece em deflação de 0,47%. O refrigerante, outro produto que cresce bem em vendas em Copa do Mundo e festas juninas, está com pequeno aumento de 0,34% em 2018.
Limpeza, Higiene e Beleza
Os artigos de limpeza subiram menos que os alimentos, com leve alta de 0,37%, em junho, chegando a 0,89% no acumulado de 2018. Nos artigos de higiene e beleza os preços tiveram alta de 0,60%, porém, se mantiveram em deflação no ano, com redução de 0,92%. “Mesmo com dólar alto e um junho complicado essa categoria demonstra uma estabilidade de preços surpreendente, criando expectativas positivas para preços estáveis no segundo semestre”, conclui Berka.
Fonte: Gazeta do Povo - Curitiba – PR