A partir do Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis, lançado em setembro, o governo federal pretende negociar com os supermercados metas voluntárias para questões ambientais, especialmente uso de sacolas plásticas e aumento no número de estações de coleta para reciclagem.
A informação é de Samyra Crespo, secretária de articulação institucional e cidadania ambiental, do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Ela acrescenta: "Há iniciativas já em andamento, como a rastreabilidade de agrotóxicos na produção de alimentos, em negociação entre o Grupo Pão de Açúcar e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária".
O plano é uma agenda de ações que serão desenvolvidas no prazo de três anos sobre temas como aumento da reciclagem, educação para o consumo sustentável e compras públicas responsáveis. O varejo está entre os pontos prioritários, com a previsão de inserção de práticas de sustentabilidade em suas operações. "Lojas de supermercados são vitrines para dar escala às mudanças no padrão de produção e consumo", argumenta Crespo.
Ela diz que há motivos para otimismo diante de antecedentes, como os pactos setoriais da carne, soja e madeira, firmados entre varejistas, ONGs e produtores para tornar sustentáveis essas cadeias de produção e ofertar produtos com certificação de origem. Além disso, informa Crespo, "campanhas reunindo supermercados e governo, com ampla mobilização popular, reduziram, desde junho do ano passado, o uso de mais de 800 milhões de sacolas plásticas no Brasil".
Em consulta pública até fim de outubro, o plano é resultado do compromisso que o Brasil assumiu junto às Nações Unidas, em 2002, ao aderir ao Processo de Marrakesh para produção limpa, e tem relações com recentes instrumentos legais que obrigam práticas e padrões ambientais, como as políticas nacionais de mudança no clima e de resíduos sólidos. Além disso, acrescenta Crespo, crescem iniciativas voluntárias, dentro das políticas empresariais de sustentabilidade. "As mudanças no padrão de consumo do brasileiro, que hoje vai mais vezes às compras, deram nova responsabilidade ao varejo. E ações sociais e de utilidade pública, antes realizadas por igrejas, associações, bancos e correios, hoje são conduzidas também por supermercados."
Veículo: Valor Econômico