Após inaugurar na última sexta-feira, em Triunfo (RS), a primeira fábrica brasileira de resina plástica a partir de etanol da cana, capaz de produzir 200 mil toneladas por ano, a Petroquímica Braskem negocia com parceiros a expansão das operações no país, com meta de ser líder mundial em 2020. "A estratégia é instalar unidades de plástico verde perto de canaviais, associadas a usinas de álcool e à geração energética com bagaço, fechando o ciclo ambiental do produto", diz Manoel Carnaúba, vice-presidente de insumos básicos.
A construção da nova fábrica e a rota tecnológica renovável para polímeros, que transforma etanol da cana em moléculas de eteno para produção de polietileno, consumiram investimento de R$ 450 milhões. Mais R$ 100 milhões destinaram-se à ampliação da capacidade produtiva da empresa para receber a nova matéria-prima - principalmente na sua planta industrial de polietileno do Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia.
De acordo com ele, polímeros verdes concorrentes, como o obtido do milho nos EUA, exigem adaptações e maquinário especial.
A nova unidade absorverá 460 milhões de litros de álcool por ano e 80% da produção de polietileno verde já está comercializada em contratos de longo prazo, sobretudo com companhias sediadas na Europa, EUA e Ásia. "Os demais 20% compõem uma reserva estratégica para prospecção de novas aplicações e mercados", informa Carnaúba. Ele adianta que o plano é atingir o setor de refrigerantes, com o uso do etanol da cana também para fazer plástico PET, o que exige uma tecnologia diferente.
Atualmente, para utilizar essas embalagens de fonte vegetal no Brasil, a Coca Cola importa da Índia a resina bio-MEG, obtida do etanol brasileiro - que é exportado e retorna ao país na forma de insumo industrial mais nobre para plástico verde. O material é empregado pela empresa em até 30% da composição das garrafas PET de 500 ml e 600 ml no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Recife e Porto Alegre. A produção inicial das garrafas PlantBottle, batizadas assim pela companhia, economizará mais de 5 mil barris de petróleo em 2010.
"Negociamos alternativas para produzir o bio-MEG em algum país América Latina, como México ou até mesmo Brasil, otimizando custos de impostos e logística que hoje tornam o PET à base de cana 10% a 15% mais caro em relação ao obtido do petróleo", anuncia Rino Abbondi, vice-presidente de técnica e logística da Coca Cola Brasil. "O Brasil deverá ser no futuro próximo um grande exportador de resina verde para PET", prevê.
No caso do polietileno já fabricado no país pela Braskem, além da Danone e Procter&Gamble, também a Johnson&Johnson começa a incorporar o insumo. O material comporá as embalagens do bloqueador solar Sundown vendidas no Brasil a partir do verão de 2011. A iniciativa no Brasil é pioneira nas operações da companhia no mundo. (S.A.)
Veículo: Valor Econômico